sábado, dezembro 15, 2007

Oscar Niemeyer faz cem anos!!! Viva Oscar!!!




"Niemeyer é 9º em lista que reúne 100 'gênios vivos'"


Um dos homens a quem admiro: Oscar Niemayer. Podemos nos orgulhar de ter um brasileiro como ele- são poucos. Faz cem anos mantendo a mesma postura ética que sempre o destacou. Um gênio do bem, sempre desejando um Brasil mais justo, menos desigual.
Ainda é otimista, o que me faz pensar que talvez esteja certo. Não devemos cair na tentação de achar que nosso país não tem jeito.
Na entrevista que deu à Folha disse:

"Cem é sacanagem, pô! Eu tenho sessenta!"
Ainda por cima tem humor. Um barato! Uma das pessoas que eu gostaria de ter convivido, não são muitas, como alguns podem pensar, mas este é especial. O Darci também era.

Está no UOL:

Frases:
Todo o prestígio da arquitetura brasileira se deve a ele. E é um prestígio advindo da idéia de imaginação, que, para o país, sempre representou uma esperança.
Paulo Mendes da Rocha, arquiteto

A metade do que ele fez ele não cobrou. Da metade que ele cobra ele cobra a metade.
José Carlos Süssekind, engenheiro

O ideal dele é mais ou menos igual ao do modernismo, o da arquitetura para todos.
Ricardo Ohtake, designer

As obras de Niemeyer estão impregnadas de tal modo que somos, todos e desde criança, capazes de esboçar, de cor, um par delas.
Angelo Bucci, arquiteto

A gente imagina que daqui a 300 anos ainda vão falar de nós, mas é ilusão. Vão lembrar só do Oscar. Sempre haverá alguém estudando a obra dele.
Darcy Ribeiro, antropólogo

A característica principal da obra de Niemeyer é a intuição, baseada na lógica da natureza. Por isso mesmo, a sua obra é capaz de emocionar qualquer ser humano, independente de sua formação intelectual ou categoria social.
João da Gama Filgueiras Lima (Lelé), arquiteto

Eu havia feito um post sobre em junho, se quiser leia aqui uma entrevista da Folha com ele.

"Cem é sacanagem, pô! Eu tenho sessenta!"

Mais aqui também na Folha.

quarta-feira, dezembro 12, 2007

Imagens do dia no UOL

12.dez.2007
EFE
Na Coréia do Sul, cientistas apresentam gatos clonados que possuem RFP (proteína vermelha fluorescente); gatos brilham no escuro quando expostos à luz


Onde vamos parar?
É assustador isto.
Tudo é possível.

domingo, dezembro 09, 2007

Clarice Lispector- a única





















Retrato de Clarice feito por Carlos Scliar

Poucos livros me fizeram chorar, os livros de Clarice me levam às lágrimas, me vejo no que diz. Conheço aquela tristeza.
Morreu num dia 9 de dezembro, um dia antes de fazer 57 anos, tinha um câncer, não sabia. Fazia planos. Vaidosa, não deixou que amigos a vissem doente. Uma mulher sensível e extraordinária. Melhor não falar de Clarice, melhor ler Clarice. Quem não leu, leia, pegue os romances, se não gosta de muita introspecção. Veja "A hora da estrela", filme maravilhoso, com Marcélia Cartaxo, excelente atriz, não a vi mais, uma pena. Há uma cena em que ela pede um comprimido para dor, a outra pessoa pergunta onde dói, ela responde que dói tudo. Dor pela exclusão, pelo desamor, por tudo. É mais ou menos isto, não lembro mais. Mas nunca esqueci de Macabéia.
















Este vídeo é uma delícia e não dói.





Esta entrevista com Clarice me deixou muito triste. Fiquei melancólica, nem quis ver de novo. É impressionante a tristeza dela. Uma pena.



Eu já fiz alguns posts que falam de Clarice, leiam aqui, se quiserem.
Aqui vocês lêem um papo dela com Tom Jobim. Aqui eu coloquei link para a entrevista em julho.


Leiam Clarice:

Sou assombrada...

"Sou assombrada pelos meus fantasmas, pelo que é mítico e fantástico - a vida é sobrenatural. E eu caminho em corda bamba até o limite de meu sonho. As vísceras torturadas pela voluptuosidade me guiam, fúria dos impulsos. Antes de me organizar, tenho que me desorganizar internamente. Para experimentar o primeiro e passageiro estado primário de liberdade. Da liberdade de errar, cair e levantar-me."



Clarice, sempre Clarice. Posted by Picasa
Bela Clarice.


Eu tenho uma linda sobrinha Clarice, assim com C em homenagem à Clarice maior. Ela fez aniversário outro dia e lhe dei um livro infantil escrito por Clarice Lispector. Leiam o que ela diz aqui.


sábado, dezembro 08, 2007

30 anos sem Clarice Lispector



Deu na 'Folha de São Paulo'

Tributo

Atração dupla relembra vida e obra de Clarice Lispector, morta há 30 anos


DA REPORTAGEM LOCAL

Juntos, o documentário inédito "Retratos Brasileiros: Clarice Lispector", e o curta-metragem "Clandestina Felicidade", de 1998, revelam algumas interseções entre a trajetória e a obra da escritora Clarice Lispector. As duas atrações vão ao ar hoje, às 17h30, em homenagem à autora de, entre outros, "A Hora da Estrela", que morreu em 9 de dezembro de 1977.
Dirigido por Nicole Algranti, sobrinha de Clarice, o documentário traz diversas entrevistas com pessoas que conviveram de perto com a escritora.
A prima Bertha Lispector recorda as conversas na infância em Recife. A amiga Rosa Cass rememora os encontros e preferência gastronômica da escritora, no restaurante La Fiorentina, no Rio. E os escritores Affonso Romano de Sant'Anna e Marina Colasanti contam como uma cartomante acabou virando personagem de Clarice.
O curta é adaptado do conto autobiográfico "Felicidade Clandestina", de 1971. O filme também serve para melhor entender a obra da escritora, a partir da infância em Recife e lembranças da cozinheira Macabéa, que inspirou seu personagem em "A Hora da Estrela".

RETRATOS BRASILEIROS: CLARICE LISPECTOR E "CLANDESTINA FELICIDADE"

Quando: hoje, a partir das 17h30

Onde: Canal Brasil

quinta-feira, dezembro 06, 2007

V Colóquio da Escola Brasileira de Psicanálise


Escola Brasileira de Psicanálise
Delegação Rio Grande do Norte

V COLÓQUIO DA ESCOLA BRASILEIRA DE PSICANÁLISE
III JORNADA DA DELEGAÇÃO RIO GRANDE DO NORTE


O ANALISTA CONTEMPORÂNEO: ESSE OBJETO MULTIUSO


07 E 08 DE DEZEMBRO DE 2007 - HOTEL RIFÓLES - NATAL/RN
PSICANALISTA CONVIDADO: MARCUS ANDRÉ VIEIRA - Diretor Geral da EBP

Presenças confirmadas
Elisa Alvarenga - Presidente da EBP
Elisa Monteiro - Diretora Tesoureira
Nora Gonçalves - Conselheira

O tema do V Colóquio da EBP - o analista como objeto multiuso - trouxe para o centro das discussões e atividades realizadas na Delegação Rio Grande do Norte a questão do lugar da psicanálise nos dias atuais. Entre outros desdobramentos, esta temática vem suscitando a reflexão sobre o lugar do discurso psicanalítico entre as práticas que habitam os campos do mal-estar na civilização, como também sobre as respostas que a psicanálise de orientação lacaniana vem permitindo construir para fazer frente ao sofrimento que atinge o sujeito contemporâneo.
Em sua condição de objeto multiuso, o analista tem sido chamado a participar dos mais variados contextos onde se situa o mal-estar. O termo “analista cidadão”, criado por Eric Laurent resume essa posição ética de uma disponibilidade cada maior do analista frente às demandas do Outro contemporâneo. É também no diálogo com outros discursos que o analista pode, entre outras coisas, melhor “apurar” a sua formação.
O evento está organizado a partir de quatro eixos temáticos:
· A prática analítica nas instituições
· A clínica das psicoses
· Psicanálise com crianças
· As novas formas de gozo e seus objetos

Nosso convidado, o psicanalista Marcus André Vieira, Diretor Geral da EBP, proferirá seminário, intitulado “O bolso do homem livre”, que versará sobre a questão do objeto na psicose.
Fica aqui o convite aos colegas de outras Delegações e Seções, bem como aos demais interessados, para que venham conosco participar desse momento de trabalho, trazendo a sua experiência, suas elaborações e questões.
Cláudia Formiga
Coordenadora do V Colóquio da EBP e
III Jornada da Delegação RN

Sobre o preço das inscrições:
Profissionais, membros e aderentes:
Antecipado: R$ 120,00
No local: R$ 150,00
Pós-graduandos, profissionais da saúde mental e correspondentes
Antecipado: R$ 100,00
No local: R$ 120,00
Estudantes de graduação com comprovação
Antecipado: R$ 50,00
No local: 60,00

Mais aqui.

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Diálogo com hora alterada na quarta- feira




Solar Bela Vista

Natal- RN



100 ANOS



Durante o período de 24 de novembro a 21 de dezembro, o Solar Bela Vista estará de portas abertas para visitação de seus espaços e exposições permanentes. Serão oferecidas oficinas de fotografia, cursos de cinema e outros.



Informações:

Solar Bela Vista - Av. Câmara Cascudo , 417 - Cidade Alta

Fones: 3212.1904

edina@rn.sesi.org.br - www.sesi.rn.org.br







03/12 – Segunda-feira - 18h00



· Recital Poético (poesia/ musica)

Diálogos Literários - CHACAL & Convidados do RN
Lançamento do livro - BELVEDERE – do poeta Chacal


04/12 –Terça-feira - 18h00



Recital Poético (Poesia / Musica)
Diálogos Literários – GABRIEL O PENSADOR & Convidados do RN
Lançamento do livro – Um Garoto chamado Rorbeto – Gabriel O Pensador


05/12 – Quarta-feira - 19h00



Recital (Musica / Poesia)
Diálogos Literários – MÁRCIA TIBURI & convidados do RN
Lançamento do Livro - A Mulher de Costas – Márcia Tiburi
Mediadora: ElianneDiz de Abreu



Copiei daqui do Chacal




sábado, dezembro 01, 2007

"Avanti Populi !!!"



Hoje é o Dia Mundial do Combate à AIDS. Data importante, mesmo que alguns acreditem ser tema batido, estejam cansados de ouvir.
É uma dura realidade. Esta doença dizima milhares de pessoas por ano e muitos acreditam estar sob controle.
Ok, o governo faz sua parte, mas há muita ignorância ainda. Eu vejo à volta isto- conheço mulheres e homens que não se previnem, que não usam camisinha porque acham que é como 'chupar bala com papel' . Já ouvi muito isto. Vejo muito perto isto. Dá sensação de impotência.
Devemos TODOS, não só os governos, falar mais no assunto. Sexo ainda é tabu, tirando algumas poucas 'repúblicas', como Ipanema, sexo é tema difícil de ser abordado.
Vou contar uma historinha:
Outro dia fui fazer palestra para adolescentes numa escola aqui em Natal, disse, então, à pessoa que me convidou, mais ou menos do que eu falaria, quando eu disse que falaria de AIDS, camisinha, masturbação...ela disse que a escola era religiosa e era melhor eu não tocar no assunto. Acreditam?
É verdade. Em 2007! Século XXI. Eu não discuti, era uma palestra isolada, não faço parte da equipe de lá, se fosse um trabalho regular teria que ser assunto discutido exaustivamente, até aceitarem que é preciso falar disto.
Portanto, não pensem que a AIDS está sob controle, nem que a sociedade sabe do que se trata, não sabe e tem preconceito. Sabemos nós um pouco à respeito, somos uma elite intelectualizada e informada, por isso precisamos fazer a nossa parte- falar sobre.
Avante gente, falem mais, discutam! É assim que se muda a mentalidade de um povo- falando sobre.

REPASSEM, por favor:

Combate à Aids

UOL News:
Doença também é transmitida pelo sexo oral

29/11/2007 - 17h37
Uma jornada para dizer 'não' à Aids, que mata 5.700 pessoas por dia
Da AFP
Em Paris
Dizer "basta" à Aids e alinhar-se à luta contra esta pandemia, que mata a cada dia mais de 5.700 pessoas em todo o mundo e contamina outras 6.800, é a palavra de ordem da jornada mundial que será celebrada neste sábado, Dia Mundial de Luta Contra a Aids

NÚMEROS DA AIDS EM 2007

Negra Li é a garota-propaganda da campanha do Ministério da Saúde para o Dia Mundial de Luta Contra a Aids este ano, focada nos jovens
Total de casos da doença no mundo 33,2 milhões
Total de casos na América Latina 1,6 milhão
Novas contaminações por HIV no mundo 2,5 milhões
Novas contaminações por HIV na A. Latina 100 mil
Mortes causadas pela Aids no mundo 2,1 milhões
Mortes causadas pela Aids na A. Latina 58 mil

CAMPANHA NO BRASIL
NÚMEROS DA AIDS NO MUNDO
CAMPANHA MUNDIAL
PESQUISA COM JOVENS
QUEEN LANÇA MÚSICA
Na América Latina, segundo a agência da ONU dedicada a esta enfemidade (Onuaids), 100.000 novas pessoas foram contaminadas com o vírus em 2007, o que situa a taxa de infectados em 1,6 milhões. Além disso, 58.000 pessoas morreram no último ano.

Aproximandamente, um terço de todas as pessoas que convivem com o HIV na Ámerica Latina residia no Brasil, em 2005. No entanto, segundo um estudo apresentado recentemente pelo ministério brasileiro da Saúde, o número de novos casos registrados no Brasil em 2006 mostrava um recuo em relação aos anos precedentes: 32.628 novos casos notificados. Em 2002 foram 38.816 casos.

Em 2007 no mundo, 2,5 milhões de pessoas, entre elas 420.000 crianças de menos de 15 anos, foram infectadas pelo vírus da aids (HIV) elevando seu número a 2,1 milhões; entre eles 330.000 com menos de 15 anos, morreram.

A Síndrome da Deficiência Imunológica Adquirida (Aids) matou 25 milhões de pessoas desde a aparição da doença em 1981 e continua atingindo várias regiões do mundo, sobretudo na África Subsaariana, onde as mulheres são maioria.

Atualmente, a África Subsaariana concentra dois terços dos novos infectados, ainda que seu número tenha diminuído ligeiramente: 1,7 milhão por ano atualmente contra 2,2 milhões em 2001. Nessa região, existem mais de 22 milhões de pessoas que convivem com o vírus HIV, o que equivale a 68% do total mundial.

Na Ásia, há 4,9 milhões de afetados e o Caribe segue como a segunda região do mundo afetada, já que 1% dos adultos convive com o vírus. Por outro lado, a Onuaids destacou que a expansão da doença entre jovens grávidas retrocedeu em 11 dos 15 países do mundo mais afetados.

Nos países com poucos recursos, o número dos que podem ter acesso a um coquetel de medicamentos aumentou 545 entre 2005 e 2006. Apesar destes progressos, somente 28% dos que necessitam de um tratamento de urgência para sobreviver teve acesso a ele em países pobres, segundo um balanço conjunto da Onuaids, Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo da ONU para infância (Unicef).

Existem importantes obstáculos que devem ser superados para conseguir o acesso universal em 2010, o que implicaria em garantir, daqui a três anos, antiretrovirais a 9,8 milhões de pessoas nos países em desenvolvimento.


"Negra Li é a garota-propaganda da campanha do Ministério da Saúde para o Dia Mundial de Luta Contra a Aids este ano, focada nos jovens".

Mais
Contato com exterior acelera expansão da Aids entre indígenas
Mortes por Aids diminuem em SP em 10 anos
Um terço da população do G7 sabe pouco ou nada sobre Aids
Papa pede mais esforços para deter difusão da Aids
Jovens atuam na campanha do Dia da Luta contra a Aids
ÍNDICE DE NOTÍCIAS do UOL

sexta-feira, novembro 30, 2007

Jo e as mulheres angolanas



Esta semana comentei com amigos sobre o que havia lido sobre esta entrevista. Acabo de vê-la. É revoltante. Vejam aqui Jo e um tal de Rui Moraes e Castro comportaram-se como dois imbecis. O deboche fica claro. Sabe-se que não se deve brincar com rituais de povo nenhum, menos ainda em lugares onde mulheres sofrem pressões culturais. É de dar nojo.
Grosseria pura.

quinta-feira, novembro 29, 2007

Lembrando Horus...





Se eu estivesse no Rio iria. Horus Vital Brasil foi meu professor em muitas ocasiões. Era um homem elegante e inteligente. Sempre de blaiser, parecia um lord. Gostava dos meus desenhos, fiz caricaturas dele em aula, dava no final, ele sorria e agradecia. Nos Natais comprava meus cartões para enviar aos amigos. Uma pena que já não esteja aqui, mas é daqueles que serão lembrados sempre. Era um homem de poucos sorrisos, mas passava afeto.

Jornada Externa
Tema: Psicanálise e Política
Local: Auditório RDC - Campus da PUC-Rio - Gávea - Rio de Janeiro/RJ
Dia: 01 de dezembro (sábado) - 9 horas
Coordenação: Sociedade de Psicanálise Iracy Doyle – SPID
Contato: Lucilia [(21) 2522-0032] ou admspid@unisys.com.br

Frente à tendência do homem contemporâneo ao individualismo exarcebado, a Sociedade de Psicanálise Iracy Doyle – SPID discute em sua Jornada Psicanálise e Política o estabelecimento do laço social nos dias de hoje.
Na oportunidade, será lançada a obra Psicanálise, uma prática teorizada, em homenagem a Horus Vital Brazil, um dos fundadores da Sociedade de Psicanálise Iracy Doyle, que existe há 55 anos, e pioneiro da Psicanálise no Brasil.

Horus Vital Brazil - O psicanalista Horus Vital Brazil, como clínico e teórico de consistência invejável, foi um defensor radical do pluralismo e da interlocução com todos os saberes e manifestações artísticas.
Em todos os textos do livro encontram-se os efeitos da sua defesa incansável da primazia da clínica e da necessidade de se expandir ao máximo o pensar psicanalítico.

Lançamento da revista Tempo Psicanalítico - vol. 39
Dia: 4 de dezembro (terça-feira) - 20 horas
Local: Livraria da Travessa - Rua Visconde de Pirajá, 572 - Ipanema - Rio de Janeiro/RJ - Tel.: (21) 3205-9002.

A Sociedade de Psicanálise Iracy Doyle – SPID, uma das sociedades mais antigas do Brasil, publica a revista Tempo Psicanalítico que congrega trabalhos de diversas instituições, nacionais e internacionais. A revista no seu 39º numero (2007) traz como tema principal o Erotismo, que significa mais que a paixão entre os homens, é o que permite o encontro deles no laço social. Eros se contrapõe à destrutividade das relações conflituosas, da violência social e urbana, dentre outras questões cruciais para compreender o ser humano e sua inserção na sociedade.

Realização:

SOCIEDADE DE PSICANÁLISE IRACY DOYLE - SPID
Filiada à International Federation of Psychoanalytic Societies
R. Visconde de Pirajá, 156 /307-310
22410-000 - Ipanema - Rio de Janeiro - RJ
Tel.: (21) 2522-0032 ou (21) 2267-8194
E-mail: admspid@unisys.com.br
Site: www.spid.com.br


Apoio:
Associação dos Antigos Alunos da PUC-Rio - AaA.PUC-Rio
E-mail: aaa@aaa.puc-rio.br
R. Marquês de São Vicente 225 - Ed. Cardeal Leme - Sobreloja
Gávea - 22453-900 - Rio de Janeiro/RJ
Tel./Fax: (21) 3527-1466/1467/1468

Visite o site da AaA PUC-Rio: www.aaa.puc-rio.br

segunda-feira, novembro 26, 2007

Lançamento de livro 2



Esta foi a imagem que Ângela enviou para que fizéssemos um conto, ou ensaio. Fiz um continho, que é o que eu gosto.


Como uma das colaboradoras do livro- fiz um conto- tenho o prazer de convidá-los para:


Exposição
:

Um amor (sertão) que já nasce estrangulado de saudade

No dia 28 de novembro (numa quarta-feira), no Solar Bela Vista (aquele belo prédio que fica na Cidade Alta olhando a Ribeira e que está comemorando seus 100 anos); lá, eu estarei expondo os meus mais recentes trabalhos.

São dez obras ao todo, com técnica de pintura com pigmento, bordados, aplicações com tecidos e linhas; cinco delas nos tamanhos de 1,90 x 1,50m. Essas levam o tema Cartas de Diadorim. Tomei a personagem de Guimarães Rosa, quando, no romance, ela já se encontra morta e mulher, e, assim, passa a escrever cartas para Riobaldo, confessando um amor nunca revelado.

Os outros cinco trabalhos têm a mesma técnica, porém muda a personagem. São Cartas de Solidão de uma personagem de um conto que escrevi no ano 2000, e os tamanhos vão de 1,00 x 1,30m, aproximadamente.

Compõe também a exposição um livro de artista com textos de poetas e ensaístas convidados. O livro tem 37 páginas de 50 x 50cm em papel e tecido, com texturas, pinturas e textos.

Essa exposição é um dos eventos dentro das comemorações dos 100 anos do Solar Bela Vista, que atualmente está sob a direção da artista plástica Selma Bezerra.

Livro

Dentro dessa exposição haverá também o lançamento do livro Um amor (sertão) que já nasce estrangulado de saudade, de minha autoria. O livro faz parte da Coleção Metamorfose do Grecom-UFRN e é o quinto volume da coleção e lançado pela editora Flecha do Tempo.

Exposição de Dimas

Expõe, na mesma noite, o escultor Dimas de Acari, RN, suas esculturas maravilhosas e enigmáticas.

Tudo começa a partir das 18h00.

Selma, a diretora do Solar Bela Vista, promete um bom vinho e eu muito alfinim.

Um abraço e até lá.

Angela Almeida

* Responsabilidade Social *




Repassem, não custa nada.
A Luma conta:

Recebi um e-mail da Karla Andrade, que assim diz:

"Amigos,
Em nov de 2007, foi encontrado na rua, uma criança de aproximadamente 2 anos muito bem cuidada e muito bem vestida, e, disse se chamar Tiago. Levado ao juizado, foi encaminhado ao 'Nosso Lar', onde trabalho. Temos informações de que diligências foram feitas na região onde a criança foi encontrada, e nada. Todas as delegacias notificadas, e nada.

Não foi possível nenhum tipo de informação dessa criança. Como o tempo está passando, ela logo será encaminhada para adoção, mas não acredito que ela não tenha ninguém nesse mundo, pois quando ele chegou chorava muito e apresentava bons costumes.

Já tentei com um amigo na Globo veicular a sua imagem, na tentativa de localizarmos a sua família, mas não é possível pois a política da Globo não permite a divulgação de crianças desaparecidas, o que não é o caso, pois essa é 'aparecida'.

Eu, Soraya Pereira, Presidente do Projeto Aconchego, Grupo de apoio à Adoção e ao Apadrinhamento de Brasília, após constatar a veracidade do fato com a diretoria do Abrigo 'Nosso Lar', venho pedir a vocês que divulguem essa notícia.

Meu obrigada,
Soraya Kátia Rodrigues Pereira
Amigos estamos fazendo apenas a nossa parte social.
SEGUE A FOTO DA CRIANÇA, REPASSEM, POR FAVOR."

CENTRO COMERCIAL DO CRUZEIRO, BLOCO D-20, SALA 403
Bairro: CRUZEIRO VELHO
Cidade: BRASÍLIA
Estado: DF - Cep: 70640-515

Copiei daqui.

domingo, novembro 25, 2007

Encontrei este vídeo via blog de Glória Perez. O espaço dela é bom, vão conferir.

Surge 3º caso de mulher presa em cela com homens no Pará

Mulher presa entre homens


Inacreditável!!!!!!!!!!!!!!!
Há dias venho acompanhando o crime cometido contra uma jovem que foi presa entre homens e recebia comida em troca de sexo. Chocante!!!! É inacreditável que isto aconteça no Brasil HOJE. É inadmissível assistirmos impassíveis a um crime desta ordem. Ok, vemos tanta violência por aí, já banalizou, mas por favor... é possível passar por cima disto?
Não choca apenas por ser uma menina ainda, mas por ser uma mulher presa entre homens. A lei proíbe isto. Por que os responsáveis pela prisão da moça deixaram acontecer? Ela foi presa, precisou de um mandato de prisão. Ninguém sabia????? Cadê o delegado, o carcereiro, a juíza (foi uma juíza que a colocou lá)?
Hoje li que os presos- homens- cortaram seu cabelo para despistar os que da rua pudessem ver- a prisão é num galpão separado da rua por um portão de grades, apenas, visível de quem passa.
É demais!
Acho que todos devemos bocar a boca no trombone, não dá para ficar em silêncio. NÃO pode acontecer de novo! Se ficarmos de olho quem sabe este tipo de violência diminui? Há discriminação contra mulheres, gays, índios, negros. Vamos mudar isto. Chega!!!!!


Surge 3º caso de mulher presa em cela com homens no Pará


Está no O Globo
23/11/2007 - 01h47 - Atualizado em 23/11/2007 - 08h47

Crise na Polícia Civil se estende até Tucuruí.
Pais de menina de 15 anos, que dividiu cela com 20 homens, ganham proteção especial.
Um movimento ligado à defesa de mulheres no Pará denunciou, nesta quinta-feira (22), um terceiro caso de jovem presa e colocada em uma cela com homens. A denúncia surgiu em Tucuruí. A governadora Ana Júlia Carepa (PT) disse que esses casos não irão se repetir e que está concluindo a construção de delegacias para receber mulheres.

Veja o site do Jornal da Globo

Já a família da menina de 15 anos, detida e deixada em uma cela com 20 homens, cujo caso detonou uma crise na Polícia Civil de Abaetetuba, foi incluída, por segurança, no programa de proteção a testemunhas.

A cada dia, surge uma nova denúncia de mulheres que dividem cela com homens no Pará. Em Tucuruí, um movimento de mulheres afirma que é comum presas serem colocadas junto dos homens.

“Nós queremos que as nossas mulheres paguem para a sociedade o que elas devem, mas com dignidade”, disse Maria Valente, coordenadora do movimento.

Uma mulher, que não quer se identificar e que diz estar grávida de cinco meses, contou que passou duas semanas presa por tentativa de homicídio. “Sempre com homens”, afirmou.

Em Parauapebas, mulheres também têm dividido celas com homens, de acordo com um promotor. Na quarta-feira (21), uma delas foi transferida para outra cadeia. “Já tivemos outros casos”, disse.



Ameaças
O pai da garota de 15 anos que ficou na mesma cela com 20 homens, em Abaetetuba, diz que foi ameaçado pela polícia para forjar uma certidão de nascimento falsa para a filha. A adolescente confirmou à Corregedoria da Polícia Civil que sofreu abuso sexual e que era obrigada a manter relações com os presos em troca de comida.

“Ela confirmou que em determinado momento recebeu essa proposta. Em princípio, não aceitou. Posteriormente, teve que aceitar por conta da fome”, afirmou Maria Pereira, corregedora-geral da Polícia Civil do Pará.

A certidão de nascimento da menor prova que ela tem 15 anos. Nesta quinta, o pai biológico da menina procurou a Corregedoria da Polícia Civil. Ele disse que três policiais o ameaçaram. “Se eu não cooperasse, poderia ser preso”, afirmou o lavrador.


Investigação
O delegado-geral Justiniano Alves Jr promete investigar. “Isso é grave. Vamos chamar, ouvir o pai. Se algum policial estiver fazendo isso vai responder civil e penalmente”.

Por conta da repercussão do caso e por segurança, a família da adolescente foi incluída no programa de proteção a testemunhas.


Governadora
A governadora do Pará, Ana Júlia, não respondeu se conhecia a prática de que mulheres eram colocadas em celas com homens. Ela prometeu que o caso não irá se repetir. “Determinei, através de decreto, que se estiver numa prisão em flagrante, seja menor, seja mulher, tem que seguir o Estatuto da Criança e do Adolescente. No caso das mulheres cela com condição digna, e, se não tiver, que comunique ao juiz pedindo transferência para outra comarca ou município.”

Ana Júlia afirmou ainda que o estado terá celas para mulheres no futuro. “Como as nossas delegacias não estão todas prontas, o projeto é que as delegacias que vamos inaugurar tenham locais adequados para mulheres”.


JORNAL DA GLOBO

Pai de presa denuncia ameaças

O pai da menina que ficou presa com 20 homens no Pará diz que sofreu ameaças da polícia para forjar uma certidão de nascimento da filha. Entidades dizem que a prática é comum no estado
Veja vídeo aqui
Data: 22/11/07 | Duração: 3m15s|

Leia post anterior.

Um crime diante de todos

Deu na "Folha de São Paulo":

"Todos sabiam que menina estava no meio dos homens"

Moradores dizem que jovem aproveitava proximidade da cela com a rua para pedir ajuda

Segundo tia de um dos presos que foi transferido após caso ser descoberto, população tinha medo de denunciar a situação

LAURA CAPRIGLIONE
ENVIADA ESPECIAL A BELÉM (PA)

MARLENE BERGAMO
REPÓRTER-FOTOGRÁFICA

Da rua em frente à delegacia de polícia de Abaetetuba, 130 km de Belém, tem-se visão ampla da carceragem, um galpão de 80 metros quadrados, três banheiros minúsculos e uma cela de segurança, separados da cidade livre apenas por um portão de grades enferrujadas.
Foi lá que, durante pelo menos 20 dias, uma menina de 15 anos, L., acusada de tentativa de furto, permaneceu encarcerada com mais de 30 homens, submetida a abusos sexuais, violência e estupros seguidos, que só tiveram fim no dia 15.
"Era um show isso daqui. Todo mundo sabia que a menina estava lá no meio daqueles homens todos, mas ninguém falava nada", disse uma mulher na delegacia, sexta-feira à noite.
"Antes de comer, os presos se serviam dela", lembra inflamada outra mulher, falando alto bem em frente à sala do delegado de plantão. Refere-se ao fato de os presos obrigarem a menina a praticar sexo como condição para lhe darem alimento.
"Ela gritava e pedia comida para quem passava, chamava a atenção para si, e, como ela era conhecida por aqui, não dava para ignorar", afirma outra.
Nos bastidores do governo federal, em Brasília, existe a convicção de que o caso configura-se em uma das mais graves violações dos direitos humanos, uma ofensa ao Estatuto da Criança e do Adolescente, além de ferir os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres.
O mais constrangedor, porém, é que todo esse horror foi patrocinado por instituição do Estado (a Polícia Civil) comandada pela petista Ana Júlia Carepa, governadora do Pará.
L. não poderia estar no sistema penitenciário, menos ainda sob acusação de tentativa de furto e, pior, presa entre homens. "Só se pode internar um adolescente por violência, grave ameaça ou prática reiterada de delito grave, o que não era o caso", diz a advogada Márcia Ustra Soares, 42, da subsecretaria de promoção dos direitos da Criança e do Adolescente da Presidência da República.
Os presos até que tentaram camuflar a presença daquele corpo estranho no meio de tantos homens. "Minha filha tinha cabelos lindos e encaracolados que iam até o meio das costas", diz a mãe biológica. "Cortaram o cabelo dela com um terçado [facão], para disfarçar que se tratava de uma menina. Cortaram é modo de dizer, escalpelaram a minha filha." Mas não funcionou.
L. continuou vestindo as roupas que usava ao ser presa -sainha curta e blusinha que deixava evidentes os seios adolescentes. Seu corpo mirrado, com menos de 1,40 m, tampouco permitia que ela fosse enfiada nas roupas de seus companheiros de cela.
A carceragem onde a menina ficou trancada agora está quase vazia -os homens presos que conviveram com ela foram todos removidos para penitenciárias próximas. Apenas um jovem de 19 anos, Landrisson André Santos Mauegi, acusado de tentativa de furto de uma bicicleta, estava detido no local na sexta-feira (ele foi parar lá depois da libertação de L.). A mãe de Landrisson, Maria Santos, 75, vai ao local todos os dias para levar sanduíches, cigarros e conforto ao seu caçula. Nem precisa passar pelo carcereiro. Basta esticar o braço.
Se era tão flagrante a identidade feminina e quase infantil de L., por que ninguém denunciou antes? "Medo de morrer. Aqui todo mundo tem medo", diz a tia de um dos presos transferidos. "Se a delegada põe uma menina na cela com os homens, e a juíza mantém ela lá, quem sou eu pra denunciar. Aliás, denunciar para quem?"
A delegada a que se refere a mulher é Flávia Verônica Pereira, responsável pela prisão em flagrante de L. A juíza é Clarice Maria de Andrade.
No dia 14, finalmente, o Conselho Tutelar de Abaetetuba recebeu uma denúncia. Anônima. A delegada foi afastada de suas funções no dia 20 e a juíza está sendo investigada pela Corregedoria de Justiça. A Folha tentou sem sucesso contatar ambas por telefone na sexta.

quarta-feira, novembro 21, 2007

Lançamento de Livro




ADOTE- Associação de Orientação aos Deficientes,
convida para as comemorações de seus 25 anos, lançando o livro "Pedaços de vida" de Shirley Carvalho- uma de suas fundadoras.
Data: 23 de novembro de 2007
Horário: 17 hs
Local: Av. Perimetral Sul, 270
Cidade da Esperança
Natal
RN

quarta-feira, novembro 14, 2007

Dia Mundial do Diabetes



Dia Mundial do Diabetes: mal atinge cada vez mais crianças e adolescentes


A estátua do Cristo Redentor foi iluminada de azul para lembrar a luta contra o diabetes, nesta quarta-feira, no parque da floresta da Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro
Copiei daqui.

sábado, novembro 10, 2007

Women In Art


Maravilhoso!!!!
Uma das coisas mais bonitas que vi na internet.

A árvore do Tom e as outras árvores...



Vi na Tv, ao acaso, um professor da UFRN falando sobre isto.
Uma das coisas que mais estranho aqui é a falta de árvores. A rua onde morei no Rio era arborizada, em Curitiba também. Aqui dizem que não gostam de árvores, porque sujam as ruas e trazem morcegos- juro que já ouvi mais de uma vez isto! Morcegos não fazem mal a ninguém, Ipanema é cheia de morcegos naquelas árvores grandes e velhas.
Deus meu!!!!!
Por favor, vamos nos mover, conscientizar as pessoas sobre a importância da árvores.
Estamos em perigo.
Vejam aqui o plano diretor para a cidade de Natal.

Sigamos o caminho do Tom Jobim, que amava as árvores, a natureza.


Esta é a árvore 'dele', que está no Jardim Botânico do Rio.

Estamira comove

Difícil falar nela, é uma pessoa especial, uma mulher, que se tivesse sido tratada, como nós, teria tido uma vida extraordinária, com certeza teria dado muitas contribuições. Há lucidez na fala dela, e muita. Aqui tem mais Estamira.

sexta-feira, novembro 09, 2007

Contardo Calligaris












Estamira e "Transamérica"


CONTARDO CALLIGARIS

Odiamos o outro não por ele ser diferente, mas para ignorar que ele é parecido conosco

DURANTE QUATRO anos, Marcos Prado escutou Estamira, uma senhora de mais de 60 anos que vivia entre seu barraco (habitado e cuidado com a dignidade devida a uma casa) e seu lugar de trabalho (um aterro de lixo, onde ela passava dias e noites a fio).
Dessa experiência, Prado fez um filme, "Estamira", que é um extraordinário documento sobre a humanidade da loucura. Ele nos apresenta o território de Estamira (o mundo físico pelo qual ela anda), suas relações (de família e de amizade) e seu mundo íntimo, ou seja, o sentido que ela atribui ao seu ser.
Alguns psicólogos reconhecerão nessa tríade (mundo físico, relações e intimidade) as três categorias da psicologia existencial de Ludwig Binswanger. Pensei em Binswanger e na generosidade de sua clínica e de seu pensamento quando, comentando o filme, uma amiga e colega me disse: "Estamira é delirante, mas suas palavras, poéticas, fantásticas ou brutais, são coisas que ela diz não porque é psicótica, mas porque é ela, Estamira".
Que falemos lugares-comuns (como a maioria dos neuróticos) ou expressemos curiosas visões do mundo (como quem parece delirar), de qualquer forma, não há quadro clínico que possa (e deva) anular a unicidade de nossa presença no mundo, a dignidade do que se chamava, tempo atrás, nossa "pessoa". Marcos Prado permitiu que Estamira lhe (e nos) falasse porque quis e soube escutá-la como se escuta, em princípio, um semelhante. Com isso, o filme é absolutamente imperdível para quem, "psi" ou não, esteja disposto a se aproximar da loucura, ou melhor, a descobrir que o "louco" é estranhamente próximo da gente.
A cosmologia de Estamira (o além, o além do além, o mundo abarrotado que transborda) e sua religião (uma briga constante com Deus e com o Trocadilho, face diabólica e maldita do mesmo) não são menos verossímeis do que muitas de nossas crenças. A diferença é que nossas crenças são delírios que tiveram sucesso e ganharam credibilidade por serem compartilhados pela maioria.
Estamira (esse talvez seja o drama fundamental da loucura) deve inventar sozinha os meios de dar sentido à sua presença no mundo. Ela consegue essa façanha atribuindo-se o destino de ter de transmitir o que ela vê.
O Trocadilho, ao persegui-la, lhe deu uma missão, que é (como esperar outra coisa de um deus com esse nome?) um jogo de palavras: Estamira é esta mira, o olhar que tudo vê e tudo deve revelar. Missão cumprida, graças a Marcos Prado.
Corolário: quem não acredita na reforma psiquiátrica veja o filme e se pergunte: será que nossa sociedade pode tolerar a loucura só na margem extrema (o além do além) do lixão ou na clausura dos hospícios?
Quero mencionar um outro filme, antes que saia de cartaz. "Transamérica", de Duncan Tucker, é uma ficção e, à primeira vista, pouco tem a ver com "Estamira". Salvo que ambos os filmes nos forçam a descobrir destinos e jeitos de estar no mundo que são, no melhor dos casos, objetos de nossos olhares compassivos ou, mais freqüentemente, de exclusão, zombaria e ódio. O ódio, nesses casos, é o índice de uma cegueira proposital: odiamos o outro não por ele ser diferente de nós, mas para poder ignorar que ele é parecido conosco.
O herói (ou a heroína) de "Transamérica" é um transexual que, na hora em que obtém, enfim, o direito de ser operado e mudar de gênero, descobre que é pai de um filho adolescente. Difícil assistir ao filme sem entender de vez o seguinte: o drama de quem vive num corpo que lhe parece estrangeiro (por ser de um gênero no qual ele não se reconhece) tem pouco a ver com os avatares do desejo sexual. É um drama de identidade.
Algumas leituras para a fila do cinema. A Martins Fontes publica os seminários de Michel Foucault: no ano passado, "Os Anormais" e, neste ano, "O Poder Psiquiátrico". O Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos acaba de publicar "Política, Direitos, Violência e Homossexualidade, Pesquisa na Nona Parada do Orgulho GLBT São Paulo 2005", de Carrara, Ramos, Simões e Facchini. A pesquisa confirma que, em matéria de discriminação, o transexual, que discorda de seu próprio gênero, é a vítima preferida.
É difícil abandonar o conforto da crença de que nós somos os "normais". Mais difícil ainda é admitir que a anatomia de nosso corpo possa não bastar para nos dar a certeza de que somos homem ou mulher.


Mais "Estamira", e mais aqui.


















PS: As fotos são do filme Estamira.

quinta-feira, novembro 08, 2007

Estamira, a excluída


Foto maravilhosa de Marcos Prado, vejam a expressão desta mulher, que olhos! Quem disse que eles são os loucos e não nós? Posted by Picasa
Leiam o texto no post abaixo.
E vocês conhecem o filme sobre o Museu do Inconsciente de Leon Hirszman? eu vi faz tantos anos... é muito bonito e comovente.

terça-feira, novembro 06, 2007

Que ato falho!



Que saia justa! Ato falho dos brabos. O tal Sérgio existiu mesmo, é só conferir no Google, está . O sujeito que encomendou a anúncio devia querê-lo fora do seu caminho.

segunda-feira, novembro 05, 2007

Somos o que comemos?




Descobri um livro jóia agora. Um fotógrafo, Peter Menzel fotografou 30 famílias de 24 países e o que elas comem em uma semana. Vejam estas duas fotos e o site aqui

Esqueceram de nos colocar na lista...seria interessante...

Ah! a ração brasileira seria: refrigerantes, cervejas, batatas fritas, pizzas, carnes, enlatados, biscoitos- todo tipo.
Chocolate em pó, chocolate em pacote, chocolate em barra, bombons, o que mais?
Leite, arroz, feijão, pão, poucas verduras, poucos legumes, quase nada de frutas...
Acertei?




sábado, novembro 03, 2007

A África sob o olhar de Sebastião



Da 'Folha':

Salgado compila suas viagens à África

Fotógrafo reúne cerca de 300 imagens feitas ao longo de 30 anos no continente e apresenta pela primeira vez fotos de natureza

Sebastião Salgado prepara oito livros com 30 grandes reportagens sobre o planeta; regiões do Brasil serão tema de três delas...
Mais na Folha

quinta-feira, novembro 01, 2007

Hoje tem Contardo



"O Passado"

Contardo Calligaris


Nada passa, nunca; tudo o que acontece é indelével, sobretudo em se tratando de amor



"O PASSADO
", de Hector Babenco, estreou na última sexta-feira. O filme, que, antes disso, abriu a Mostra de Cinema de São Paulo, é inspirado no romance homônimo de Alan Pauls (Cosac Naify).
Resumindo a história ao osso, para não estragar o prazer dos espectadores futuros: Rímini e Sofía se juntam muito jovens e se separam, amistosamente, depois de 12 anos. De uma maneira ou de outra, a relação que eles viveram não os deixa tranqüilos.
Na saída do cinema, a conversa era animada. Os amigos (homens) achavam o filme tão apavorador quanto "Atração Fatal", de Adrian Lyne: para eles, Analía Couceyro, como Sofia, era mais inquietante que Glenn Close, justamente por parecer menos louca. Nossos objetos de amor talvez sejam sempre assim, familiares até o dia em que, na hora de uma separação, a própria paixão os torna totalmente estranhos.
As amigas respondiam que a causa do problema era a fraqueza do protagonista masculino. De fato, Rímini (Gael García Bernal) parece seguir o desejo de todas as mulheres que ele encontra, sem nunca descobrir e afirmar o seu.
Outra discussão dizia respeito ao fim do filme: será que Rímini conseguira se livrar do passado, de vez? Eu pensei que não, que talvez ele tivesse conseguido se livrar das atenções incômodas de sua antiga companheira, mas não há amnésia que possa acalmar o passado.
A história de Rímini e Sofía me evocou um trecho da autobiografia de Tchecov ("Minha Vida", ed. Nova Alexandria), em que o escritor comenta que o ditado "tudo vai passar" pode tanto aliviar nossa tristeza com a idéia de que dias melhores virão quanto mitigar nossa euforia com a idéia de que as vacas magras voltarão. Mas, por útil que seja, essa sabedoria é falsa: nada passa, nunca; tudo o que acontece é indelével.
Acrescento: sobretudo os amores, por mais que acabem, continuam vivendo, subterrâneos, dentro de nós, porque, bem ou mal, são essas as vivências que mais nos formaram e transformaram.
A estética do filme de Babenco me tocou tanto quanto a história de Rímini e Sofía. Por exemplo, os personagens circulam por interiores abarrotados de restos do passado: livros, fotografias, quadros, os inúmeros objetos que, a cada mudança de casa, confirmam que nunca conseguimos deixar para trás os vestígios de nossa vida pregressa. Num momento do filme, Rímini se fecha, desesperado, num apartamento vazio; rapidamente, ele se encontra imerso numa montanha de restos: o lixo se acumula como prova irrefutável de que nem na derrelição é possível começar do zero.
À primeira vista, isso pode parecer estranho. Afinal, estamos acostumados a pensar que, na modernidade, os indivíduos são definidos por suas potencialidades futuras mais do que pelo passado. Não é assim?
Pois é, não exatamente. A modernidade começa quando paramos de deixar que a tradição diga quem somos. Não terei necessariamente a mesma profissão que meu pai, não serei nobre porque ele foi, não viverei no mesmo lugar dos meus antepassados, não escolherei meus amores para preservar a integridade de minha casta, religião ou raça e por aí vai.
Mas se o legado da tradição se torna menos relevante, é justamente porque o que me constitui é minha história -não apenas a intensidade do momento e a audácia de meus planos, mas o conjunto das experiências que vivi.
No começo da Revolução Francesa, o povo queria fazer tábua rasa: eliminar os nobres pela guilhotina e seus vestígios pelo fogo. Após um vigoroso debate, os vestígios foram poupados, e foram inventados os museus públicos. Poucas décadas depois, nasciam os conceitos de patrimônio histórico e de preservação dos monumentos. Ao mesmo tempo, surgia um interesse, que nunca mais se desmentiu, pela narração e pela compreensão da história.
Não funcionamos diferente: é possível guilhotinar os amores do passado ou (menos radical) apagar seus números de nosso celular, é possível até queimar fotografias -embora dificilmente sacrificaremos aquele desenho que compramos juntos, num sábado, na praça Benedito Calixto. De qualquer forma, mais que a lembrança, os rastros do passado sempre assombram o presente e o futuro.
Quando decretamos novos começos, ilusórios ou não, nem por isso conseguimos apagar nossa história: podemos apenas contá-la mais uma vez, quem sabe revisá-la ou corrigi-la, para pior ou para melhor.

sábado, outubro 27, 2007

Juarez no domingo às 20 hs no "Conexão"



Eu gosto especialmente dos quadros 'nonsense' dele.


Ontem vi a segunda parte da entrevista com "Conexão Roberto D'Ávila" com Juarez Machado. Será reprisado no domingo(às 20h pela TVE Brasil), vejam no link. Há anos não vejo o Juarez, vendo-o falar, com tanto charme e inteligência, entendi porque eu era encantada por ele. Nos conhecemos quando eu tinha uns 15 anos, sei que se não o conhecesse talvez nunca tivesse desenhado. Tenho influência dele nos desenhos- as figuras não têm pupilas, como as dele. O traço contínuo também é marca de Ju.
Ele é muito divertido.
Contou ontem que o diretor do filme "Le fabuleux destin d'Amélie Poulain"', Jean-Pierre Jeunet, é seu vizinho em Montmartre e é fascinado pelas cores da palheta dele- vermelho e verde, principalmente. Pediu permissão para usar estas cores no filme, que é todo nestes tons- os tons da palheta do Ju. Disse que a Amélie(personagem principal) não tem os olhos como os nossos, falta o branco, que o diretor fez de propósito, para lembrar as figuras de Juarez. Legal, né?
Eu conheci Juarez em Curitiba, no meio de uma praça onde havia o meu colégio, eu já contei antes aqui esta historinha. Fiquei encantada pelos lindos olhinhos azuis dele. Depois fui morar no Rio e ele também estava ali, o procurei no atelier do Sérgio Rodrigues, em cima da Oca, na praça Gal Osório e nos víamos de vez em quando- eu ia vê-lo pintar. Depois ele foi para a rua Maria Angélica, naquela época fazia análise com Katarina Kemper, me indicou um analista, disse:
"Você vai se apaixonar de cara, ele é lindo." Acertou, o homem era muito lindo, Eduardo Requião, foi um dos homens mais belos que eu vi. Hoje está gordo, mas ainda assim é bonito- é irmão do Roberto, do Paraná. A vida é engraçada... Fiz análise 5 anos com Eduardo.
Juarez casou com uma fazendeira rica no Rio, foi morar em Paris, mas está sempre no Rio, eu o encontrava na rua de vez em quando, da última vez me perguntou quando irei visitá-lo em Paris. Respondi: "Um dia". E vou mesmo. Na época vivia preocupada com os filhos, como o pai é ausente eu tenho que ser pai e mãe, não é fácil. Ainda não é fácil. Um dia será? Acho que sim. O mais velho é super tranqüilo, mas o dan ainda me dá trabalho- é absolutamente indisciplinado em tudo- inteligente demais, curioso demais- aí se perde.
Mas voltando ao Juarez, a entrevista dele é muito boa, quem não o conhece veja e fique conhecendo- conta muitas historinhas ótimas, tem até uma teoria do porquê dos pintores brasileiros não serem valorizados fora daqui: acredita que como fomos colonizados por portugueses, que sabiam navegar, mas não pintar, os pintores de língua espanhola- aqui da América são mais valorizados na Europa- por estarem inseridos na cultura hispânica. Acho que faz sentido. A gente sabe o quanto eles- pintores, artistas- sofrem por um reconhecimento lá fora- pouquíssimos têm. E um Botero, que é colombiano, faz sucesso- eu não gosto dos quadros dele.
Não dá pra repetir o que ele conta, é muito bom, fazia tempo não via uma entrevista tão boa, vejam o programa.
*
Horário alternativo: aos domingos às 20h pela TVE Brasil.




sexta-feira, outubro 26, 2007

Juarez Machado no "Conexão Roberto D'Ávila"


Juarez era assim quando o conheci. Ele é o loirinho em pé, era uma graça.
Foto daqui.


Hoje, dia 26, tem "Conexão Roberto D'Ávila" com a segunda parte da entrevista com Juarez Machado. Vai ser reprisado no domingo, vejam no link. Está uma delícia o programa, Ju está super à vontade, eles são amigos, conta muitas historinhas. Muitas eu já conhecia, eu o conheço desde adolescente.
Aqui uma historinha que ele conta no site também:



Abbesses St. Workshop

Edifício construído em 1896, projetado pelo arquiteto Besnard, especialmente para a função de atelier de artista. Situado nas colinas de Montmartre, na rue des Abbesses, onde ilustres moradores viveram, como Theo e o seu irmão Van Gogh. Toulouse Lautrec, Picasso, Modigliani, Van Dogen, Max Jacob e tantos outros que também nesta região viveram, deram ao quartier, a fama e o prestígio da "Cidade Luz", onde as pedras falam de arte.

Após incessante procura de um verdadeiro "atelier d'artiste" em 1991 o encontrei, e consegui adquiri-lo. A partir do pós-guerra estes atelieres, que são um símbolo de um tempo em Paris, tornaram-se cada vez mais raros no mercado imobiliário, pois deixaram a sua função original e passaram a ser a habitação de pessoas que buscavam um lugar especial para viver. Com alta janelas voltadas para a fachada norte onde a luz é ideal, por ser constante, grandes espaços com volumes de seis metros de pé direito se intercalam por mezzaninos.

No 2º e 3ª andar onde trabalho, tenho os meus cavaletes, tintas, livros telas e um rádio que jamais é desligado, mesmo quando saio.Muitas pessoas acendem velas ou incenso, eu uso a música para purificar. Lá pintei tantos quadros, para tantas exposições, entre eles a coleção

Copacabana, inspirado na poesia e na música de seus anos dourados, especialmente para as comemorações de seu Centenário em 1992. Esta exposição foi mostrada nas principais capitais brasileiras e ainda em Paris, Nova York e Miami. Moro nos 4º, 5º e 6º andares do edifício. No último andar, por isso não jogo pedra no telhado do vizinho, o teto é de vidro. De lá se vêem os telhados da velha Montmartre, com sol, chuva ou neve, é sempre um prazer se olhar.

Da janela grito ao Mr. Frédéric, do restaurante em frente "La Mascotte" que me traga as ostras, "Fine Claire nº3", que o champagne já está no gelo. Lá embaixo a rua é viva e musical. Com som próprio, orquestrada com os gritos dos comerciante anunciando suas ofertas, a conversa animada nos bistrôs, o choro de acordeons e a melodia dos "chansonniers". Por entre bancas de frutas, legumes, queijos, flores e peixes seus moradores circulam com a baguete debaixo do braço e na sacola o bom vinho.

Numa esquina, algum pintor com seu cavalete registra o "Village Lepic-Abbesses" para qualquer dia ser visto em algum museuo, o retrato da continuação deste tempo, que é assim há cem anos, pois muitas vezes olho no calendário para ter certeza do ano em que estou.

Quando compro o sagrado pão nosso de cada dia, a jovem padeira, gentil me cumprimenta: "bonjour monsieur le peintre", como certamente fazia sua avó para algum pintor do bairro na sua época. Feliz, sinto que juntos estamos apenas cumprindo a bela tarefa de dar continuidade à história da vida.

quinta-feira, outubro 25, 2007

Hoje é dia de Contardo





"Infiel"

A tolerância não impede de reconhecer e recusar a diferença quando ela é inimiga de nossos valores

A COMPANHIA das Letras acaba de publicar a autobiografia de Ayaan Hirsi Ali, "Infiel - A História de Uma Mulher que Desafiou o Islã".
Hirsi Ali nasceu na Somália (país muçulmano) em 1969, viveu o horror da guerra civil e da luta entre clãs que levaram o país da pobreza à miséria, passou partes da infância e da adolescência na Arábia Saudita e no Quênia e, enfim, adulta, fugiu para o Ocidente. Na Holanda, ela se tornou cidadã e, logo depois, foi eleita deputada. Pela sua história e pela coragem de suas palavras, ela continua sendo alvo de um fanatismo assassino.
O livro, além de tocante, é imprescindível para quem queira, hoje, perguntar: "Vigia, como está a noite?".
As primeiras 300 páginas tratam da progressiva metamorfose de Ali: uma menina definida pela sua ascendência e pela obediência aos homens e ao Alcorão se transforma numa jovem pessoa atormentada por dúvidas sobre sua fé e pela vontade de escutar seus sentimentos e de escolher livremente seus objetos de amor.
Essas páginas deveriam estar nas bibliografias de introdução à antropologia cultural: elas explicam perfeitamente quem somos nós, ocidentais. Na história da jovem somali, a oposição à autoridade tradicional do clã e do texto sagrado não está nos grandes textos do Ocidente -está nos romances.
Fragilidade e grandeza de nossa cultura: a liberdade do indivíduo moderno é, antes de mais nada, liberdade de amar e de romancear o amor. "Romeu e Julieta" e Barbara Cartland nos definem melhor do que "O Contrato Social".
Li as últimas 200 páginas do livro na noite de sábado, sem parar, madrugada adentro. Nelas, Ali, ao contar as peripécias de sua vida na Holanda, expõe sua crítica do Islã.
Depois de 11 de setembro de 2001, talvez você tenha lido "Choque de Civilizações?", de Samuel Huntington, e, como eu, tenha resistido à idéia de que o terceiro milênio seja destinado a encenar um conflito cultural sangrento entre o Ocidente e o Islã. Talvez você, como eu, sem examinar de perto os textos e os fatos, tenha se juntado ao coro da tolerância e à visão otimista do Islã paz-e-amor, convencido de que aceitar a diferença seja (como é, de fato) uma prerrogativa crucial e gloriosa de nossa cultura.
Só a tolerância -você pode ter pensado, como eu- permitirá a integração que confirmará a humanidade comum de todos, realizando o sonho ocidental moderno. Pois bem, Ali pensa diferente.
Para ela, o fundamentalismo e o terrorismo islâmicos de hoje não se fundam numa distorção do Islã, eles estão inscritos na letra do Alcorão e do Hadith.
Só será possível evitar um embate frontal se o mundo islâmico passar por uma revolução interna comparável com a que sacudiu o cristianismo no começo da modernidade, quando o indivíduo (com sua liberdade e seu foro íntimo) se tornou um valor bem mais importante do que a instituição e o texto religiosos.
Portanto, para Ali, sobretudo nos lugares de maior fricção entre o Islã e o Ocidente, como na Europa, a estratégia de uma convivência possível não passa pela simples tolerância, mas pela exigência ativa de uma integração dos imigrantes na cultura para onde se mudaram ou fugiram. Essa exigência inclui a capacidade de recusar a diferença quando ela for inimiga de nossos valores.
Não há espaço, no Ocidente, para a submissão das mulheres, o ostracismo das minorias sexuais, o poder patriarcal indiscriminado e, sobretudo, não há espaço para a confusão entre religião e Estado de direito.
Theo Van Gogh, holandês, dirigiu um documentário, escrito por Ali, sobre a submissão da mulher no Islã. Ele foi assassinado e degolado por um fundamentalista islâmico, que cravou no peito de sua vítima uma mensagem para Ali, perguntando se ela estava disposta a morrer por suas idéias como ele, o assassino, estava pronto a se sacrificar pelas suas.
É um argumento freqüente nos comunicados exaltados dos terroristas: o Ocidente estaria fadado a desaparecer porque preza a vida do indivíduo.
Ora, Van Gogh, diante de seu assassino, antes de ser morto, perguntou: "Será que a gente não pode conversar?". O assassino deve ter pensado que se tratava de mais uma demonstração da fraqueza e da covardia ocidentais. Ele se enganou. Era a maior demonstração de fé nos valores do Ocidente e, portanto, de força.

PS: Mais aqui
sobre a autora.

segunda-feira, setembro 24, 2007

Teste seu cérebro


Achei este teste hoje no blog do Fernando Stickel.
A boneca rodava no sentido horário, aí eu pensei:"Como faço para copiar o endereço?" Ela passou a rodar para o outro lado. Incrível!
O nosso cérebro...tantas coisas desconhecemos...

domingo, setembro 23, 2007

O sétim selo/ Teresa Sampaio comenta




Trailer do filme aqui.

O Sétimo Selo


Ingmar Bergman

Dia 28 de Setembro de 2007, às 20:00 hs, na Casa da Ribeira, Natal.

Ficha Técnica

Título Original: Det Sjunde Inseglet
Direção: Ingmar Bergman
Roteiro: Ingmar Bergman, baseado em peça de Ingmar Bergman
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 100 minutos
Ano de Lançamento (Suécia): 1956
Atores: Max Von Sydon

Bibi Andersson

Gunnar Björnstrand

Bengt Ekerot

Nils Poppe

Inga Gill

Estúdio: Svensk Filmindustri
Produção: Allan Ekelund
Música: Erik Nordgren
Direção de Fotografia: Gunnar Fischer
Figurino: Manne Lindholm


Comentário de
Tereza Sampaio*


Este é um filme sobre o silêncio de Deus e as tentativas de respostas dos homens frente às trevas e ao caos apocalíptico que reinam na Idade Média. Entretanto, ele também tem elementos de comédia em diversas seqüências e muitos contrastes entre o sombrio e o burlesco. O roteiro do filme é fascinante, tendo merecido um emocionado prefácio de Bergman, que o considerava o seu filme favorito.



Na seqüência da abertura ouvimos o Dies irae e em seguida vemos uma ave negra sobrevoando a praia em meio a densas nuvens, enquanto uma voz serena narra uma passagem do Apocalipse. Isso faz com que o filme comece com beleza e suspense.



“Quando o cordeiro abriu o sétimo selo... houve um silêncio no céu por cerca de meia hora. Eu vi sete anjos diante de Deus... e a eles foram dadas sete trombetas.



O cavaleiro Antonius Block e Jons, seu escudeiro, retornam de uma desastrosa Cruzada e dormem na praia. Ao lado deles, um jogo de xadrez. Com sobriedade, compenetração e lentidão nos gestos, Antonius Block lava o rosto e ora ao som forte das ondas batendo nas pedras. Ao se voltar, o silêncio se faz e ele se depara com a figura da Morte.



Utilizando-se de uma alegoria, Bergman materializa a Morte numa personagem que vai se revelando um tanto patética, trapaceira e próxima aos humanos, principalmente no que diz respeito à ignorância . Ela acompanha Antonius Block há muito tempo e vem avisá-lo de que é chegada a sua hora. Então ele propõe à Morte uma partida de xadrez. ‘Como sabe que jogo xadrez?’, pergunta a Morte. Ele responde: ‘Vi nas pinturas e escutei nas canções’ . Um toque de humor é colocado no sorteio das peças. A Morte sorteia as pretas e diz: ‘bem apropriado, não acha?’.



Antonius Block tenta adiar o seu fim, esperando obter respostas e compreender o silêncio de Deus.: ‘Quero conhecimento, não fé ou presunções. Quero que Deus estenda as mãos para mim, que mostre o seu rosto, que fale comigo. Mas ele fica em silêncio.’ E a Morte retruca: ‘talvez não haja ninguém’.



Assim, Antonius Block coloca a sua questão; o silêncio de Deus diante da morte e do caos o angustia, ele acha que a Morte tem essas respostas, embora desde o início da partida de xadrez ela tenha dado sinais de que, assim como os humanos, ela também nada sabe; ela é apenas silêncio e escuridão.



Muitos acreditam que há um Outro, no caso Deus, que tudo sabe a respeito da vida e da morte, e tentam interpretar o silêncio diante disso na tentativa de preencher esse indizível, de dar uma consistência imaginária a Deus, tamponando o seu silêncio. Para estes não há enigma; Deus envia sinais, fala o tempo inteiro, tem os seus desígnios, o que faz da religião um delírio compartilhado, como sublinha Freud.



Antonius Block é aquele que não pára de questionar, como lhe diz a Morte. Vindo das Cruzadas, tendo tudo perdido, vendo a população ser dizimada pela peste, tendo ele mesmo matado pessoas em nome de Deus e se afastado de Karin, a mulher a quem ele amava, precisava saber de onde vinha aquele vazio e encontrar um sentido que aplacasse a sensação da inutilidade de tudo aquilo.



Jons, seu irônico escudeiro pensa diferente. Ele é o contraponto de Block. ‘Dez anos em terra sagrada sendo mordidos por cobras, mosquitos e animais selvagens, assassinados por pagãos, envenenados pelo vinho, infestados por piolhos que nos devoravam e a febre que matava. Tudo pela glória de Deus’, diz ele. Jons é aquele que despreza a morte, zomba de Deus, ri de si mesmo e sorri para as mulheres. Num diálogo entre o ferreiro Plog e sua mulher, Jons antecipa a fala desta, mostrando que conhece as mulheres. Esta é uma cena bastante divertida do filme.



A morte está por toda a parte, túmulos são abertos, restos de cadáveres estão espalhados, a terra está devastada pela peste. A peste e a devastação poderiam ser desde já uma resposta de Deus, resposta que levaria à concepção de que Deus é tenebroso ou que nos odeia, ou que fizemos algo pelo qual precisamos ser punidos.



Na belíssima cena de uma procissão ao som de canto gregoriano, mulheres se chicoteiam, padres blasfemam, acreditando que Deus mandou o seu enviado, que o diabo está encarnado na feiticeira, uma menina acusada de ter feito sexo com o diabo e que, portanto, precisa ser crucificada e queimada. As cenas da procissão procuram fixar a câmera no rosto das pessoas que expressam horror e êxtase, numa fé cega e desesperada. Essa cena contrasta com a anterior, na qual a trupe de teatro trata do mesmo tema com bastante humor...negro. ‘Alguém de negro dança na praia, corre na praia, se agacha na praia, defeca na praia, permanece na praia’.



Como diz Freud em ‘O Mal-Estar na Cultura’, descobrir que a vida não tem um propósito traria uma perda de valor, o desencantamento do homem em sua extrema presunção. Para afastar o sofrimento e o desamparo, as pessoas recorrem ao que Freud chamou de ‘técnicas de vida’, entre elas a arte, o trabalho, a ciência, a religião e o amor. Todas elas, entretanto são falhas, deixam furos, algo indizível aparece sob a forma de sofrimento, de incerteza e angústia.



No desenrolar da trama de “O Sétimo Selo”, Bergman vai mostrando algumas técnicas de vida como a arte, o amor, a fantasia e a religião.



Em meio à terra desolada, Mia e Jof, um casal de artistas de teatro, se destaca como um sopro de vida e de alegria no universo da obscura religiosidade da Idade Média. Eles se salvam pelo amor, pela arte, pelo humor e pela fantasia. Vale lembrar que Jof está longe de ser um herói. Ele sofre humilhações numa taverna, mostra-se frágil, não se ocupa de questões solenes. O casal acolhe Antonius Block e Jons, e o cavalheiro se mostra comovido com tudo – a simplicidade, o amor, a ausência de pretensões filosóficas, o estilo de vida: ‘Não me esquecerei disso: o silêncio... a tigela de morangos e o leite. Seus rostos na luz do entardecer. Mikael dormindo na carroça e Jof com a sua canção. Tentarei lembrar do que dissemos e levar essa lembrança com cuidado, como se fosse uma tigela de leite’. Jof tem visões, algumas das quais correspondem à realidade.



A religião, outra técnica de vida não se mostra como uma saída muito amena. Raval, o antigo estudante de teologia, conhecido pelo nome de Doutor Mirabilis Celestis et Diabolis, transforma-se num ladrão que rouba dos mortos, em instigador de desavenças e estuprador. Foi Raval quem convenceu Antonius a partir na Cruzada para a terra sagrada. Em nome de Deus padres investigam a causa das mortes violentas e repentinas, deduzindo que são fruto do castigo divino. São dias marcados pela ira de Deus. Mulheres se flagelam pela glória de Deus.



A religião, neste caso, dá consistência ao silêncio de Deus, uma vez que este responde pela fúria.



Uma seqüência interessante do filme é a de Antonius Block diante de um confessionário falando sobre o vazio, que se espelha em seu rosto. Depois de algum tempo ele se dá conta de que é a Morte o seu estranho confessor. Esta lhe pergunta: ‘Como pretende vencer a Morte’? Ao que ele responde: ‘Tenho uma jogada com o bispo e o cavalo que ela não conhece. Quebrarei sua defesa’. A Morte, trapaceira, traiçoeira mostra o seu rosto e Antonius sente ou finge indignação ou surpresa.



Era um blefe para adiar a Morte ou a Morte o enganou? Em outro momento, diante do tabuleiro de xadrez, a Morte lhe diz: ‘você me enganou?’ E ele responde: ‘caiu na minha armadilha’. Não seria a única vez que ele tenta enganar a Morte. Nessa mesma jogada, ele descobre que a Morte pretende pegar Mia, Jof e o filhinho Mikael. Antonius tenta distrair a Morte de todas as maneiras até ver a carroça sumir de vista. Ninguém me escapa, diz a Morte. Mas ainda não foi dessa vez que ela conseguiu pegar a família da trupe de teatro. Jof, Mia e Mikael foram salvos pela visão de Jof, que os fez fugir enquanto Antonius Block distraía a Morte.



Em outra seqüência do filme, Antonius e Jons aproximam-se da “feiticeira”. O cavaleiro tenta descobrir algo sobre o diabo, pois ele deve saber sobre Deus. Ela está tomada pela certeza de que o fogo não a tocará, pois o diabo não vai permitir. Antonius Block tenta saber o que ela vê, quem cuida dela: ‘é um anjo, o diabo, Deus ou é apenas o vazio?’ Mas parece que ela vê o mesmo que eles e teme o mesmo que eles. Nesse instante Jons e Antonius invertem os papéis. Tomado pela comoção, Jons quer acreditar que a menina realmente está vendo algo, enquanto Antonius se desespera ao se dar conta de que provavelmente ela não está vendo nada.



Após uma jogada, a Morte anuncia que o xeque-mate será na próxima. O diálogo crucial que ela e Antonius Block então estabelecem define claramente a busca inútil de respostas ao silêncio divino. Diz a Morte:



- Quando nos encontrarmos novamente, seu tempo e o de seus companheiros será encerrado.

- E você me revelará seus segredos.

- Não tenho segredos.

- Então você nada sabe.

- Não tenho nada a dizer.



A cena final parece uma pintura: é a dança da morte que arrasta a todos. Ela é descrita por Jof, em uma de suas visões: ‘E a Morte, o severo mestre, convida-os a dançar. Quer que todos dêem as mãos para formarem uma longa fila’...


Tereza Sampaio*


Natal, 20 de setembro de 2007

Teresa Sampaio é psicanalista.

sábado, setembro 22, 2007

Eros e psiquê


Antonio Canova


O genial Fernando Pessoa para vocês, e especialmente para meus queridos lusitanos:


Eros e Psiquê


Fernando Pessoa

Conta a lenda* que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.

Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.

A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.

Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.

Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.

E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,

E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.

*A lenda aqui

sexta-feira, setembro 07, 2007

Projeto "Educar dançando"


Projeto "Educar dançando", vejam aqui
É um projeto lindo. Uma querida amiga, Maria Mazzarello, é a coordenadora. Vejam aí.
Mais aqui.

quinta-feira, setembro 06, 2007

Contardo Calligaris





Imperdível! Concordo com tudo que ele diz.

Tristeza e dignidade do suicídio

Contardo Calligaris

O ato suicida guarda sua dignidade porque é imprevisível como qualquer ato humano

QUANDO EU tinha 12 anos, um tio meu se suicidou. Era um tio de quem eu gostava e que gostava de mim. Ele enfiou a cabeça no forno e abriu a torneira do gás. Deixou uma nota, sucinta, que dizia: "Suicídio por razões profissionais e amorosas".
Meus pais não esconderam de mim as circunstâncias da morte do tio e me mostraram seu bilhete. Mesmo assim, imaginei perceber, em meus pais, uma certa vergonha. Isso, porque, no fundo, eu os culpava.
Foi a grande crise na minha idealização dos meus pais e, por conseqüência, na tranqüilidade de meu mundo: aparentemente, a amizade e o amor que eles ofereciam não tinham sido suficientes para dar a meu tio a vontade de continuar vivendo.
Nada me garantia, portanto, que eles saberiam fazer o necessário para que eu estivesse a fim de viver.
Foi assim que o luto pelo suicídio do meu tio foi também o fim de minha infância. Mas, em regra, quando se suicida um próximo de quem gostamos e que gostava de nós, não atribuímos vergonha e culpa a terceiros: esses sentimentos surgem em nós, ao descobrir que nossa presença e nosso amor não bastaram para que o outro quisesse viver. Em alguns casos, essa ferida nunca cicatriza.
Quando o suicida é nosso pai ou nossa mãe, o sentimento de não termos sido a razão suficiente para ele ou ela viverem fica conosco para sempre, como um fundo melancólico, como a sensação de uma insuficiência essencial ou de uma impossibilidade de sermos amados.
Quando o suicida é um filho ou uma filha, a perda (irreparável, pois o luto pelos nossos descendentes é contra a ordem das gerações) é acompanhada pelo sentimento de um fracasso, como se não tivéssemos conseguido transmitir o básico: a vontade de viver. Deve ser por isso que os monoteísmos consideram o suicídio como um pecado contra o criador: o suicida demonstraria o malogro de Deus. Assisti ao filme "A Ponte", de Eric Steele, e espero que continue em cartaz. Em São Paulo, já passa em apenas uma sala, duas vezes por dia.
Alguns anos atrás, Ted Friend publicou, na "New Yorker" (13/10/ 2003), um artigo sobre a estranha freqüência com que a famosa ponte Golden Gate de San Francisco é escolhida pelos suicidas. Aparentemente inspirado pelo artigo, Steele, durante um ano inteiro, filmou a ponte, sem parar. Houve 24 suicídios e várias tentativas que foram sustadas também graças à equipe de Steele (eles informavam a polícia quando detectavam, de longe, comportamentos "suspeitos").
Além disso, Steele entrevistou parentes e amigos próximos dos suicidas. O tom é justo, comovedor e tocante. O filme evita o caminho mais fácil, que consistiria em nos acusar sub-repticiamente, como se, quando alguém decide morrer, fôssemos todos, de uma maneira ou de outra, responsáveis. A maior qualidade do filme é, ao contrário, a sobriedade. O ato suicida guarda sua dignidade porque, apesar das explicações dos próximos, ele permanece misterioso e radicalmente imprevisível, como qualquer ato humano.
No dia 29 de agosto, o UOL publicou a notícia seguinte: na Áustria, dois homens viviam junto, em um apartamento-albergue dos serviços sociais. Brigaram. Um deles, Robert, psicótico em remissão, matou o outro; depois disso, ele abriu o corpo e o crânio do companheiro e comeu órgãos internos e cérebro. Quando a faxineira chegou, Robert, com a boca ensangüentada, comentou: "Veja só o que aconteceu". A porta-voz do Fundo Social de Viena declarou: "Se tivéssemos a menor idéia de que este tipo de coisa pudesse acontecer, teríamos transferido Robert para outro local e exercido um acompanhamento mais adequado". Alguém, na Áustria, deve estar criticando severamente o psiquiatra, o psicólogo ou a assistente social que, algum dia, afirmaram que Robert podia ser devolvido à sociedade.
Pensei nas poucas vezes em que, num tribunal, tive de dizer, em nome de minha "ciência", se alguém, a partir de então, seria ou não um bom pai ou uma boa mãe.
A verdade é que, uma vez os fatos acontecidos, somos capazes de interpretar, de encontrar explicações e mesmo de assumir responsabilidades e culpas que temos ou não temos. Mas tudo isso apenas retroativamente.
Em matéria de comportamento humano, somos quase sempre incapazes de prever. Não sei se é um mal: talvez essa ignorância seja a condição de nossa liberdade.

Veja aqui.