sábado, dezembro 17, 2011

Crianças e a moda





"Suri Cruise é uma diva. Aos 5 anos, a filha de Tom Cruise e Katie Holmes, 
que já entra até em lista das mais bem-vestidas do ano, 
está sempre linda e não dispensa um saltinho discreto, 
para horror dos puristas em relação ao guarda-roupa infantil." 
Do Glamurama.

Observação minha:
Uma criança vestida assim é muito linda, mas não seria exagero? Onde a naturalidade da menina?
OK, os paparazzi estão ai para o clique, então é preciso estar como uma diva.
Este é o mundo das imagens, do instantâneo.
Tomara que ela não se perca no meio desta exposição excessiva.

quinta-feira, dezembro 15, 2011

O amor é sempre virtual?

Antonio Canova- Eros e Psiquê



Encontros e desencontros amorosos



Vivemos em busca de um encontro, encontro mágico que preencheria o nosso vazio existencial, acabaria com a solidão. Este encontro, encantado, não existe, porque cada um de nós vem com suas fantasias, carregamos nossos fantasmas... temos uma expectativa tão especial que, quase sempre, é frustrada.

Somos seres complexos, não somos previsíveis. Temos momentos de generosidade, de doação, mas na maior parte do tempo estamos à espera que o outro nos dê aquilo que esperamos, sem que ele saiba o que desejamos. Nem mesmo nós, na maioria das vezes, sabemos o que desejamos do nosso parceiro, a não ser amor incondicional.

Os encontros amorosos acontecem quando imaginamos que o outro vai suprir nossas expectativas. Quando acreditamos que o parceiro é nosso par ideal- a outra metade da maçã. Quando estamos identificados com este outro, que nem conhecemos. Apenas supomos ser. Quando percebemos aspectos que não gostamos, acreditamos que ele poderá mudar- mudará por nós- haverá a mudança mágica para sermos felizes para sempre.

Na entrega amorosa acreditamos ser um em dois.

Muitas vezes estamos apaixonados pela paixão, pelo estar enamorado, com toda a adrenalina que isto traz. É uma viagem maravilhosa e assustadora, cheia de ansiedades e alegrias, onde o medo de perder o objeto amado se faz constante.

Este encanto se quebrará em algum momento, pode ser com um gesto bobo, uma palavra mal- dita, uma escolha “brega”, uma sujeirinha no antes belo sorriso.
Uma descoberta que não se encaixa naquilo que imaginávamos do ser amado.

Algumas pessoas, mais que outras, entram em pânico diante de incertezas, ficam dominadas pelo ciúme. Aqui, entram os fantasmas de cada um. Se você experimentou abandono na infância, viverá a espera de um novo abandono, não haverá amante, amantíssimo, que o deixe seguro. Você perdeu lá atrás. Estará à espera de um reconhecimento, que faltou quando era imaturo- quando estava em formação psíquica.

A paixão, o estar apaixonado se quebrou, mas há afeto, há amor.

Por que diferenciamos paixão de amor?
O amor seria mais generoso, mais tolerante, cúmplice. Quando amamos vemos no outro defeitos, mas, mesmo assim, sentimos afeto por ele, algumas imperfeições nos comovem e nos fazem transbordar de afeto. Lembro de um casal de atores famosos franceses- Yves Montand e Simone Signoret- ele disse numa entrevista, jamais esquecerei, que quando a via colocando os óculos, depois dos 50 anos, se enchia de afeto.
Na maioria dos casais, existe muita intolerância, cobrança, muita culpa jogada no outro pela própria infelicidade. Quando isto acontece é hora de parar e repensar a relação. Pensar o que esta relação significa. O que esta pessoa representa.
Temos medo de mudar, medo do novo, medo de falar de assuntos delicados, de mágoas, e não percebemos que estes sentimentos vão alimentando o rancor, nos distanciando de quem amamos e nos adoecendo.

Na década de 70, no auge do amor livre e de liberdade sexual, as pessoas passaram a viver sem limites, tudo era válido, tudo devia ser dito, confessado. Eu discordo, nem tudo deve ser dito, por que contar para o parceiro uma fantasia sexual, por exemplo? Este comportamento acabou gerando casais que se propunham “modernos”, mas que na realidade estavam confusos, quanto ao comportamento.
Tudo pode?
Não.
Então por que não guardar as fantasias? Afinal é o que temos de mais intimo.

Atualmente, temos disponível uma quantidade enorme de livros, revistas, que se propõem a ensinar casais a se relacionarem. Fomos todos bombardeados por manuais, vídeos sobre sexo, como dar prazer, como obter prazer. Isto trouxe mais informações- o que não havia antes- mas também um nível de exigência muito grande, não basta um orgasmo, é preciso ser múltiplo, é preciso saber onde é o ponto G.

Sabemos que isto tudo é irrelevante numa relação amorosa, pois cada casal tem uma
química própria, não existem regras, na verdade. Não sabemos o que se passa entre um casal na intimidade.

O mundo real é muito diferente do mundo criado pela mídia e pelo nosso imaginário. Vivemos com nossas imperfeições os nossos encontros e desencontros amorosos.
E “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”, como diz o poeta Caetano.

A paixão é virtual- sempre se passa via nosso imaginário- e o amor seria virtual, também?
E os amores na internet seriam sempre virtuais? Agora você tem a palavra. O que pensa sobre isto?
Diga o que pensa, nós o ouvimos.

terça-feira, dezembro 13, 2011

Palmada no centro do debate


 Educadores condenam o uso da violência como forma de educação e que a prática traz consequências ruins para a formação do indivíduo Foto:Rafaela Tabosa/ON/D.A Press


Do :: Diário de Natal - Palmada no centro do debate ::

Palmada no centro do debate 

Lei que proíbe uso da força física para disciplinar crianças deverá ser votada pela Câmara

Por Sérgio Henrique Santos // sergiohenrique.rn@dabr.com.br 

Um assunto polêmico poderá voltar ao debate nacional este mês de dezembro: a condenação da palmada na educação dos filhos. Nos próximos dias, uma comissão especial da Câmara dos Deputados deverá tomar uma decisão a respeito do projeto de lei 7.672/10, a chamada Lei da Palmada, que proíbe o uso da força física para disciplinar ou punir crianças e adolescentes. A proposta deverá mudar alguns artigos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e foi proposto pelo governo ainda na gestão do ex-presidente Lula. Caso aprovada, os pais que baterem nos filhos serão encaminhados para programas comunitários de proteção à família, tratamento psicológico ou psiquiátrico e cursos ou programas de orientação. Na mais branda penalidade, poderão receber uma advertência.



Os mais conservadores dizem que a lei ensina os pais a educarem seus filhos. "A lei obriga os pais a pensarem sobre o assunto, que é um comportamento cultural, creio que no Brasil todo os pais acreditamque palmadas educam os filhos", discorda a psicóloga clínica e psicanalista carioca Elianne Diz de Abreu. Ela afirma que a palmada é um gesto de descontrole e violência. Com consultório em Natal há seis anos, Elianne diz que o assunto é constante em seu consultório e nas palestras que ministra sobre educação de filhos. "O pai ou mãe que bate está mandando para o filho a mensagem de que não consegue educá-lo sem bater. A criança entende que os pais não têm mais controle sobre eles. Batem por raiva e impotência. A palavra perdeu sua força".

Considerada uma questão delicada, Elianne avalia como positiva a mudança na legislação, e questiona: "Até onde as pessoas têm direito sobre seus filhos? Têm o direito de subjugá-los, de feri-los?". E acrescenta: "Sabemos de pais que consideram filhas suas posses e as violentam sexualmente. Acredito que a lei vem proteger as crianças e jovens".

Cláudia Santa Rosa, do Instituto de Desenvolvimento da Educação (IDE), lamenta o fato de que as leis são necessárias apenas quando está instalada uma cultura que precisa ser mudada. "Historicamente a criança sempre foi vista como um adulto em miniatura. O entendimento era que bater educa. Eu não sou favorável a esse raciocínio. A lei é pertinente no momento em que ela busca a superação de uma cultura que deixa a criança em situação de sofrimento. Uma situação vexatória. A lei é positiva nesse sentido", diz.
A educadora salienta os danos psíquicos provocados pelo hábito de bater nos filhos, e afirma que já ouviu todo tipo de depoimento sobre o assunto, inclusive pessoas que disseram que as palmadas ou até formas mais agressivas como uso de cinto, foram boas para sua criação. "Hoje essas pessoas afirmam que aquilo foi positivo. Mas também ouço pessoas que dizem que nunca precisaram apanhar dos pais. Na minha experiência como educadora de mais de 20 anos na escola, vejo que a criança que apanha é potencializada a querer bater nas outras. Quase sempre nas mais frágeis que ela. A criança que apanha busca repetir a agressão que recebe nos colegas mais frágeis".

Danos e limites

A violência física provoca danos na vida adulta de uma pessoa que apanhou na infância. "Se você conversar com um pai ou mãe violento, por exemplo, vai descobrir que ele também apanhou quando criança e que acha natural bater. Outros podem ser revoltados contra os pais", afirma a psicanalista Elianne Abreu. A estudiosa ressaltou que é possível que a criança goste de apanhar por receber, no momento em que apanha, a atenção dos pais. "Mas isso é triste. Essa criança poderá buscar, mais tarde, na vida adulta, pessoas que a firam também".

A maioria dos especialistas afirmam que os limites precisam existir, mas sem precisar bater. Uma alternativa é fazer sanções com coisas ligadas ao prejuízo que ela causou, a começar colocando horários para cada tarefa do dia. A educadora Cláudia Santa Rosa traz um exemplo. "Se a criança brinca no horário em que deveria estar fazendo uma tarefa da escola, os pais podem colocar uma sanção, cessando o direito de assistir TV ou usar o brinquedo que a fez deixar de executar a tarefa correta".

domingo, dezembro 04, 2011

A destruição de um ídolo- Dr. Sócrates




A morte de Sócrates nos dá muita tristeza. Fico a pensar o por quê de um homem do talento dele, educação- um ídolo amado por multidões-, se deixar destruir. É hora de todos nós, brasileiros, pararmos para refletir sobre os efeitos do álcool sobre nosso organismo. Nos últimos meses fomos surpreendidos por várias notícias sobre doenças provocados pelo excesso do álcool- câncer principalmente. O que fazer quando alguém exagera no álcool? É difícil convencê-lo de que se excede, sabemos, mas com insistência é possível levá-lo a um tratamento. Alcóolatras não procuram psicoterapia, acreditam que não precisam- a bebida é uma forma de alienação. Para que tomar consciência dos seus conflitos se um copo pode resolver rapidamente, anestesiar? É uma luta e um sofrimento para familiares. Todos precisam ter ajuda, se tratar, para poderem lidar com a situação. Não desistam, se virem que alguém está se destruindo, procure ajuda. Uma vida sempre vale a pena. Vejam o Dr. Sócrates...que pena. Vejam aqui na foto ele e Zico- o que levou um a se destrir e o outro a continuar sua trilha, formando novos jogadores, continuando sendo o ídolo de tantos jovens?

quinta-feira, outubro 20, 2011

O mistério da mãe - Sobre Melancolia




O mistério da mãe - Caderno 3 - Diário do Nordeste

The doctor is IN


“Lo que el corazón quiere, la mente se lo muestra”






OK, sou psicanalista, mas sei por experiência própria que uma depressão, ou mesmo negatividade- generalizando- pode fazer na vida das pessoas. Continuo achando que não basta respirar, é preciso mudar internamente e isso só se faz com desejo e psicanálise- no meu ponto de vista, claro rs.

Não sou fã do 'Segredo', confesso que não vi- achei chatíssimo e desisti no início, mas acredito que é possível, sim, viver melhor se esperarmos que a vida possa ser melhor.
Dizemos- os psicanalistas- que é preciso ter cuidado com nosso desejo, ele pode ser realizado.

Eu li desejo e inconsciente onde dizia coração no texto abaixo.:)

Para traduzir: entre no site que tem ai do ladinho.


Entrevista com Mario Alonso Puig, cirurgião.


“Lo que el corazón quiere, la mente se lo muestra”

Hasta ahora lo decían los iluminados, los meditadores y los sabios;
ahora también lo dice la ciencia: son nuestros pensamientos los que en
gran medida han creado y crean continuamente nuestro mundo. “Hoy
sabemos que la confianza en uno mismo, el entusiasmo y la ilusión
tienen la capacidad de favorecer las funciones superiores del cerebro.

La zona prefrontal del cerebro, el lugar donde tiene lugar el
pensamiento más avanzado, donde se inventa nuestro futuro, donde
valoramos alternativas y estrategias para solucionar los problemas y
tomar decisiones, está tremendamente influida por el sistema límbico,
que es nuestro cerebro emocional. Por eso, lo que el corazón quiere
sentir, la mente se lo acaba mostrando”. Hay que entrenar esa mente.

Tengo 48 años. Nací y vivo en Madrid. Estoy casado y tengo tres niños.
Soy cirujano general y del aparato digestivo en el Hospital de Madrid.
Hay que ejercitar y desarrollar la flexibilidad y la tolerancia. Se
puede ser muy firme con las conductas y amable con las personas.

-Más de 25 años ejerciendo de cirujano. ¿Conclusión?
-Puedo atestiguar que una persona ilusionada, comprometida y que
confía en sí misma puede ir mucho más allá de lo que cabría esperar
por su trayectoria.

-¿Psiconeuroinmunobiología?
-Sí, es la ciencia que estudia la conexión que existe entre el
pensamiento, la palabra, la mentalidad y la fisiología del ser humano.
Una conexión que desafía el paradigma tradicional. El pensamiento y la
palabra son una forma de energía vital que tiene la capacidad (y ha
sido demostrado de forma sostenible) de interactuar con el organismo y
producir cambios físicos muy profundos.

-¿De qué se trata?
-Se ha demostrado en diversos estudios que un minuto entreteniendo un
pensamiento negativo deja el sistema inmunitario en una situación
delicada durante seis horas. El distrés, esa sensación de agobio
permanente, produce cambios muy sorprendentes en el funcionamiento del
cerebro y en la constelación hormonal.

-¿Qué tipo de cambios?
-Tiene la capacidad de lesionar neuronas de la memoria y del
aprendizaje localizadas en el hipocampo. Y afecta a nuestra capacidad
intelectual porque deja sin riego sanguíneo aquellas zonas del cerebro
más necesarias para tomar decisiones adecuadas.

-¿Tenemos recursos para combatir al enemigo interior, o eso es cosa de
sabios?
-Un valioso recurso contra la preocupación es llevar la atención a la
respiración abdominal, que tiene por sí sola la capacidad de producir
cambios en el cerebro. Favorece la secreción de hormonas como la
serotonina y la endorfina y mejora la sintonía de ritmos cerebrales
entre los dos hemisferios.

-¿Cambiar la mente a través del cuerpo?
-Sí. Hay que sacar el foco de atención de esos pensamientos que nos
están alterando, provocando desánimo, ira o preocupación, y que hacen
que nuestras decisiones partan desde un punto de vista inadecuado. Es
más inteligente, no más razonable, llevar el foco de atención a la
respiración, que tiene la capacidad de serenar nuestro estado mental.

-¿Dice que no hay que ser razonable?
-Siempre encontraremos razones para justificar nuestro mal humor,
estrés o tristeza, y esa es una línea determinada de pensamiento. Pero
cuando nos basamos en cómo queremos vivir, por ejemplo sin tristeza,
aparece otra línea. Son más importantes el qué y el porqué que el
cómo. Lo que el corazón quiere sentir, la mente se lo acaba
mostrando.

-Exagera.

-Cuando nuestro cerebro da un significado a algo, nosotros lo vivimos
como la absoluta realidad, sin ser conscientes de que sólo es una
interpretación de la realidad.
 
-Más recursos…

-La palabra es una forma de energía vital. Se ha podido fotografiar
con tomografía de emisión de positrones cómo las personas que
decidieron hablarse a sí mismas de una manera más positiva,
específicamente personas con trastornos psiquiátricos, consiguieron
remodelar físicamente su estructura cerebral, precisamente los
circuitos que les generaban estas enfermedades.

-¿Podemos cambiar nuestro cerebro con buenas palabras?
-Santiago Ramon y Cajal, premio Nobel de Medicina en 1906, dijo una
frase tremendamente potente que en su momento pensamos que era
metáforica. Ahora sabemos que es literal: “Todo ser humano, si se lo
propone, puede ser escultor de su propio cerebro”.

-¿Seguro que no exagera?
-No. Según cómo nos hablamos a nosotros mismos moldeamos nuestras
emociones, que cambian nuestras percepciones. La transformación del
observador (nosotros) altera el proceso observado. No vemos el mundo
que es, vemos el mundo que somos.

-¿Hablamos de filosofía o de ciencia?
-Las palabras por sí solas activan los núcleos amigdalinos. Pueden
activar, por ejemplo, los núcleos del miedo que transforman las
hormonas y los procesos mentales. Científicos de Harward han
demostrado que cuando la persona consigue reducir esa cacofonía
interior y entrar en el silencio, las migrañas y el dolor coronario
pueden reducirse un 80%.

-¿Cuál es el efecto de las palabras no dichas?
-Solemos confundir nuestros puntos de vista con la verdad, y eso se
transmite: la percepción va más allá de la razón. Según estudios de
Albert Merhabian, de la Universidad de California (UCLA), el 93% del
impacto de una comunicación va por debajo de la conciencia.

-¿Por qué nos cuesta tanto cambiar?
-El miedo nos impide salir de la zona de confort, tendemos a la
seguridad de lo conocido, y esa actitud nos impide realizarnos. Para
crecer hay que salir de esa zona.

-La mayor parte de los actos de nuestra vida se rigen por el
inconsciente.
-Reaccionamos según unos automatismos que hemos ido incorporando.
Pensamos que la espontaneidad es un valor; pero para que haya
espontaneidad primero ha de haber preparación, sino sólo hay
automatismos. Cada vez estoy más convencido del poder que tiene el
entrenamiento de la mente.

-Deme alguna pista.
-Cambie hábitos de pensamiento y entrene su integridad honrando su
propia palabra. Cuando decimos “voy a hacer esto” y no lo hacemos
alteramos físicamente nuestro cerebro. El mayor potencial es la
conciencia.

-Ver lo que hay y aceptarlo.
-Si nos aceptamos por lo que somos y por lo que no somos, podemos
cambiar. Lo que se resiste persiste. La aceptación es el núcleo de la
transformación.

Sin fe en uno mismo hay temor,
el temor produce violencia,
la violencia produce destrucción,
por eso, la fe interna supera la destrucción.

Ver en :
http://www.youtube.com/watch?v=kHyi6sQ3Oo4 -

Copiei do Blog do DeRose.

quinta-feira, outubro 06, 2011

O sentido da vida faz falta? por Contardo Calligaris






O sentido faz falta?



A gente procura um sentido para a vida somente quando o cotidiano perde sua graça e seu encanto



É uma queixa frequente: o mundo e a vida fazem pouco sentido -muito menos sentido do que antigamente, completam os saudosistas. Nas famílias, às vezes, essa queixa produz uma espécie de pingue-pongue. Os pais acham que os filhos adolescentes vivem por inércia, sem rumo e projeto: "Eles não estão a fim de nada que preste, não têm uma causa, uma visão de futuro".
Os filhos, confrontados com essa preocupação dos pais, declaram que, se precisassem mesmo de um sentido para viver, certamente não é com os pais que eles o aprenderiam: "Mas qual sentido gostariam que eu escolhesse para minha vida, se a vida deles não tem nenhum?". Nesse diálogo, o sentido parece ser sempre o que falta na vida dos outros que criticamos.
Também existem indivíduos (adolescentes e adultos) que se queixam da falta de sentido em sua própria vida: "Viver para quê? Todo o mundo vai morrer de qualquer jeito; que sentido tem?".
Geralmente, ao procurar responder a essas constatações desconsoladas, amigos, parentes e terapeutas agem como os pais que mencionei antes: querem injetar uma causa, uma visão de futuro na vida de quem lhes parece ter perdido o rumo "necessário" para viver.
Agora, eu não estou convencido de que, para viver, seja necessário que a vida tenha um sentido. Quando alguém se queixa de que sua vida é sem sentido, não tento interessá-lo em grandes razões para viver. Prefiro perguntar (para ele e para mim mesmo) de onde surge tamanha necessidade de um sentido. É curioso que, para alguns, a existência precise de uma justificação, de uma razão, de uma causa, de uma visão de futuro.
Em regra, essa necessidade de justificar a vida se impõe quando a própria vida não se basta mais. Ou seja, é quando os gestos cotidianos perdem sua graça que surge a obrigação de fundamentar a vida por outra coisa do que ela mesma.
Nota clínica: a depressão não é o mal de quem teria perdido (ou nunca achado) uma grande razão para viver. Depressão é ter perdido (ou nunca encontrado) o encanto do cotidiano. Por consequência, tentar "curar" a depressão de um adolescente propondo-lhe militância política ou fé religiosa é nocivo: se a gente conseguir capturá-lo num grande projeto, esse mesmo projeto o afastará ainda mais da trivialidade do dia a dia, cujo encanto ele perdeu.
Resumindo, quando alguém se queixa de que a vida não tem sentido, o problema não é ajudá-lo a encontrar o tal sentido da vida, mas ajudá-lo a descobrir que a vida se justifica por si só, que ela pode ser seu próprio sentido.
A cultura moderna poderia ser dividida em dois grandes blocos (que não coincidem com as tradicionais divisões de esquerda vs. direita etc.): os que pensam que o sentido da vida não está na própria experiência de viver (mas na espera de um além, num projeto histórico etc.), e os que pensam que a experiência de viver, por mais transitória que seja, é todo o sentido do qual precisamos (nota: a psicanálise, inesperadamente, está nesse segundo grupo, por constatar que a gente sofre mais frequente e gravemente pelo excesso do que pela falta de um sentido).
Alguém dirá que, com o declínio das utopias políticas e algum avanço (talvez) do pensamento laico, o sentido da vida está em baixa. Em suma, eu estaria chutando um cachorro morto.
Não concordo: talvez a própria crise das utopias e de algumas religiões instituídas esteja reavivando uma espiritualidade que tenta sacralizar o mundo, prometendo, no mínimo, sentidos ocultos.
O esoterismo "new age" nos garante que a vida tem um sentido misterioso, que a gente nem precisa saber qual é. Melhor assim, não é? Acabo de ler um breve (e delicioso) ensaio do filósofo italiano Giorgio Agamben, "La Ragazza Indicibile" (a moça indizível, Electa, 2010). Agambem (retomando um ensaio de Jung e Kerényi, de 1941, sobre Koré, a moça sagrada -Perséfone na mitologia clássica) mostra que os mistérios de Eleusis (que são os grandes ascendentes do esoterismo ocidental) de fato não revelavam nenhum grande sentido escondido das coisas e da vida -a não ser talvez o sentido de uma risada diante do pouco sentido do mundo.
Ele conclui com a ideia de que podemos e talvez devamos "viver a vida como uma iniciação. Mas uma iniciação ao quê? Não a uma doutrina, mas à própria vida e à sua ausência de mistério".

domingo, setembro 18, 2011

As cartas inéditas de Freud para Martha





As cartas inéditas de Freud e de sua mulher - Jornal Opção


De Freud para Martha

Teatrinho de máscaras

7.8.1882

Amada pequena menina,

Os astrônomos afirmam que as estrelas que hoje vemos reluzir começaram a arder há centenas de milhares de anos e talvez hoje estejam se extinguindo. Tal é a dimensão de distância que nos separa delas, até mesmo para um raio de luz que, sem se cansar, percorre mais de 40.000 milhas em um segundo.


Sempre foi difícil para mim imaginar isso, mas agora posso fazê-lo com facilidade quando penso como você sorri diante de minhas cartas cordiais, enquanto minha alma sofre com dúvidas e preocupações, e quando penso como você se aborrece com a minha dureza e a minha desconfiança, enquanto uma medida de ternura, que luta em vão para se expressar, me preenche.


Há dois caminhos para evitar esta incongruência. O primeiro seria me abster de relatar uma atmosfera que supostamente não vai duram nem uma semana. O outro seria fazê-lo mantendo um olhar sereno, acima do teatrinho de mascares que a vida vai encenando conosco.


Desprezamos o primeiro caminho, o caminho da preservação, porque ele pode acabar levando ao estranhamento. Por isso, somos obrigados a fazer aquilo que o segundo caminho nos recomenda.


Imagine que cada duas horas dos quatro dias que se passam entre a minha pergunta e a sua resposta – não, mais 64 das 96 horas – estendessem a tal ponto por meio de pensamentos confusos a respeito de você que a pobre pessoa por fim não fosse mais capaz de distinguir esse intervalo de tempo de um mês ou de um ano.


Imagine quão vazios e, consequentemente, quão breves pareceriam os milênios durante os quais não pensamos em nada, e então você será forçada a admitir que o atraso dos acontecimentos que interessam ao astrônomo não será maior do que aquele que nós dois somos forçados a suportar por causa de seu veraneio em Wandsbeck.


O que nós, ligados de maneira tão íntima e tão insolúvel, teremos que fazer quando acontecer entre nós algo como aquilo que constituía o conteúdo de minhas últimas cartas. Se eu não estiver fisicamente exausto, vou empurrar para um segundo plano as poucas lembranças incômodas associadas aos meus esforços por você e me alegrar pensando em tudo de bom e de belo que vi em você, e em todos os sacrifícios que você fez por mim até hoje.


Você vai habituar-se a continuar amando o pobre homem, apesar de sua antipatia, de seus maus humores esporádicos e de seus julgamentos equivocados, e continuaremos a caminhar juntos alegremente. Se não me engano, hoje efetivamente você não é capaz de dedicar a mim todo o seu amor sem alguma dificuldade, e à custa de autocontrole – e eu só serei capaz de sorrir, ciente de minha vitória, quando você finalmente se tornar minha, seguindo o curso inevitável da natureza, como eu pretendia desde o começo.


Por isso alegre-se, amada Marthinha, o tempo há de chegar – se é que ainda não chegou – no qual tudo aquilo a que um dia você concedeu uma parte de sua estima se tornará uma sombra que não vai perturbá-la mas do que a mim mesmo.


Em breve, terei que retomar meu trabalho, que por meio de um hábito seguido com pontualidade primeiro se torna suportável e depois pode tornar-se estimado. Tenho diante de outros principiantes a vantagem de uma maturidade maior, e de maior consideração por parte dos superiores. Atualmente falta-me a confiança que vem de habilidades conquistadas pelo hábito constante, porém não me faltam conhecimentos teóricos nem a capacidade de observar o corpo humano como um simples objeto, sem me intimidar com as dores dos pacientes.


Durante os poucos dias nos quais me dediquei à cirurgia, realizei algumas pequenas operações com o bisturi, coloquei algumas ataduras com gesso e, por duas vezes, conduzi a anestesia de pacientes por meio de clorofórmio.


Das atividades que realizei, está última é certamente a mais desagradável, pois a morte súbita durante a anestesia por clorofórmio, esse acontecimento temido por todos e incontrolável, faz com que o médico fique em estado permanente de excitação nervosa.


No quarto que me foi designado encontra-se também um menino pobre e perdido, cuja perna precisa ser diariamente lavado com o maior cuidado antes que seja trocado seu curativo, e eu não escapo dessa atividade desagradável e de pouco sucesso.


Os próximos três meses no departamento de cirurgia certamente vão melhorar visivelmente minha habilidades e, se alguma vez eu tiver de retirar do mais lindo dos olhos um grãozinho de poeira, as dores que a querida menina terá de enfrentar nessa grande operação serão muito mais suaves.


Sorte de quem puder em breve ver estes olhos lindos reluzindo de amor! Agora infelizmente Eli está tão apaixonado por Fritz que ele também não consegue largar de Martha e esse novo amor me custa tanto sofrimento quanto o anterior.


Um consolo são agora as três irmãs iniciadas, que sempre conversam, e com as quais pode-se falar de Martha, e que me parecem melhores e mais maduras, como se entendessem como a nossa vida mudou.


Elas também contam algumas coisas com as quais se poderia provocar a Marthinha num momento alegre, por exemplo como ela nos criticou uma vez na casa dos Weiss, e eu sou obrigado a rir quando me lembro quanto ele foi castigada por isso.


Amanhã voltarei a escrever uma cartinha, o dia de hoje é tão irritante e perturbador. Vamos fazer com que passe depressa, para dar lugar a um outro, melhor.


Com cordiais saudações à única e querida menina amada,

Teu Sigmund

De Martha para Freud
O amor encarnado
30.8.1882
10h45 da noite


As profundezas da minha alma percorre, como silenciosa prece noturna, um doce pensar em ti...

Leiam mais no site.

quarta-feira, agosto 31, 2011

Um Narciso moderno



Doll Face - YouTube

Vídeo que impressiona, assusta. Pois é, Narciso não precisa mais de lago para se afogar- como alguém disse.

domingo, agosto 28, 2011

Joyce McDougall (1920-2011)

 
 
 
Joyce McDougall (1920-2011) 

"Mondialement connue, la psychanalyste Joyce McDougall est morte à Londres le mercredi 24 août des suites d’une pneumonie. Elle était née en Nouvelle Zélande le 26 avril 1920 et avait reçu sa formation clinique à Londres, où elle fut très proche de Donald Woods Winnicott, avant de s’installer en France, en 1952, et de devenir membre de la Société psychanalytique de Paris (SPP)."
 Via Elisabeth Roudinesco

quinta-feira, agosto 18, 2011

Freud descobre o Brasil






Ah! este Freud era admirável! Dr Marcondes foi psicanalista do meu analista Lourival Coimbra- já falecido. Tanto um quanto o outro, Marcondes e Coimbra, eram originais. Aprendi muito com o Coimbra, foi o meu mestre. Mostrou que é possível ser psicanalista sem ser cópia de outros modelos- está cheio de analistas mascarados- enformados- que copiam os seus analistas. É um defeito da "Formação analítica" rs

Leiam aqui: Freud descobre o Brasil | questões manuscritas | Blogs [revista piauí]

domingo, julho 24, 2011

Crônica da morte anunciada- Amy Winehouse


Esta foto mostra fragilidade- abandono e a exposição de sua vida.


Vale a pena ler:

Folha.com - Ilustrada - Nina Lemos: Amy Winehouse, a cabra marcada para morrer - 23/07/2011.

Penso o mesmo. A morte era anunciada. Morbidamente esperada. O banquete está servido. Me dói isso tudo.
Pensei ontem que, felizmente, não vemos muitas histórias com fins trágicos aqui no Brasil- nós temos muitos viciados e acho que sei o porquê: somos um povo mais amoroso. Uma família que tenha alguém nesta situação faz algo: leva para o centro espírita, para Igrejas, médicos... as mães se desesperam... Onde estavam os pais desta jovem?
O tipo de droga mais consumido aqui é a maconha e depois a cocaína, senão me engano. Heroína, felizmente, não tanto- agora o crack veio com força total e e arrasador.
Quantos talentos foram destruídos por esta droga desde o século passado- é só lembrar os cantores de jazz ...
Toda droga, ( incluindo álcool), é uma droga e mata.

sábado, julho 23, 2011

O neto do Freud





Vejam mais aqui: Lucian Freud. Tres cuadros · ELPAÍS.com

Acho interessante o neto de Freud- aquele que descortinou nossa alma e mostrou a nosso lado sombrio.
Lucian Freud desnuda nosso corpo e o século XX.

quarta-feira, julho 20, 2011

Sigmund Freud: Conflict & Culture




Um pouco sobre Freud para quem se interessa. Este site é muito legal.

Aqui: From the Individual to Society -- Sigmund Freud: Conflict & Culture (Library of Congress Exhibition)
  

Copiei este início. Há muito mais lá.

 

SECTION ONE


Formative Years

"Sigismund Schlomo Freud was born on May 6, 1856, in the small town of Freiberg, now part of the Czech Republic. In 1860 the family settled in Vienna where Sigmund, as he came to call himself, received an education emphasizing classical literature and philosophy -- an education that would serve him well in developing his theories and conveying them to a wide audience. The cultural ferment, ethnic tensions, and class conflicts of fin-de-siècle Vienna were part of Freud's daily existence. The city was a hothouse for radical innovations in politics, philosophy, the arts, and sciences. Freud chose early to concentrate on research in neurology, a field in which the frontiers of knowledge were changing dramatically. Financial concerns eventually led him to pursue clinical work with patients. His analyses of patients and of himself became the chief sources for his professional writings."

terça-feira, julho 19, 2011

O mundo hoje- homofobia







Leiam aqui: Pai e filho são confundidos com casal gay e agredidos por grupo em São João da Boa Vista, SP - O Globo

Chocante! Absurdo! Onde vamos parar? Precisamos todos dar um basta nisto. É intolerável
este tipo de violência. Viveremos agora reféns de sujeitos agressivos e doentes? Só seres doentes são capazes de tal violência!
O afeto entre pessoas do mesmo gênero, sejam amantes, amigos, parentes, precisa ser respeitado.
O outro precisa ser respeitado.
Ontem vi na TV. que colocaram fogo num homem que vivia nas ruas no Rio de Janeiro- isso é de uma brutalidade e desumanidade tal que chocam e entristecem.

quinta-feira, julho 14, 2011

Mais sobre desejos, por Contardo Calligaris





Vale a pena ler os artigos do Contardo sobre desejo. Ai estão para vocês:



Contardo Calligaris - Volta da Flip


Qualquer escolha significa desistir de desejos nossos aos quais preferimos outros, também nossos



Na coluna da semana passada, escrevi sobre a facilidade com a qual desistimos de nossos desejos e, com isso, às vezes, passamos décadas pensando em outras vidas, que poderiam ter sido as nossas se tivéssemos tido a ousadia de correr atrás do que queremos.

A coluna terminava com uma exortação à coragem de agir e com uma explicação possível: desistimos para evitar a dor de fracassar. Pensar que nem tentamos conseguir o que tanto desejávamos seria menos doloroso do que constatar que tentamos e não conseguimos. A desistência seria mais suportável do que o eventual malogro.

Numerosos leitores me escreveram, evocando (e lamentando) alguma desistência passada. O que não é surpreendente: somos quase todos assombrados pela sensação ou pela lembrança de ter desistido (na escolha de uma profissão, de um amor ou de um casal).

A razão é aparentemente simples. Faz dois séculos que nossa origem não determina nosso destino. Não seremos marceneiros só porque esse foi o ofício de nosso pai e avô. Não nos casaremos por tradição nem segundo a escolha das famílias. Escolheremos sempre por gosto ou por amor. Ou seja, temos a incrível pretensão de viver segundo nosso desejo.

E aqui a coisa se complica, porque, neste mundo sem castas fechadas e com poucas fronteiras, as possibilidades são muitas e, talvez por isso mesmo, os desejos que nos animam são variados e, frequentemente, estão em conflito entre si.

Ou seja, escolhemos entre caminhos diferentes, oferecidos pelas circunstâncias da vida, e também entre desejos que são todos nossos. Qualquer escolha implica perdas (dos caminhos que deixamos de percorrer) e desistências (de desejos nossos aos quais preferimos outros, também nossos).

Um leitor, Augusto Bezerril, pergunta se desistir de um sonho não é apenas o efeito de um conflito. Ele tem razão: em muitos casos, desistimos de um sonho para nos dedicar a outro, esperando resolver assim um conflito interno.

Outra leitora, Ana Chan, pergunta se "desistir dos desejos significa viver em frustração". Talvez haja algo disso na nossa insatisfação: a variedade de nossos desejos torna a satisfação difícil, se não impossível.
Mas o fato de ter que escolher entre desejos alimenta outra forma de insatisfação: não tanto uma frustração quanto uma espécie de nostalgia do que não foi -um afeto moderno, como é moderna a pluralidade de nossos sonhos.

Alguns dizem que é por isso que a ficção se torna tão importante na modernidade, para que possamos imaginar (e viver um pouco) as vidas das quais desistimos, os caminhos pelos quais não enveredamos.
Agora, a escolha entre desejos diferentes não é a desistência mais custosa: há indivíduos que não desistem de tal ou tal desejo, eles desistem de desejar. Aqui o afeto dominante não é mais a nostalgia, mas uma culpa da qual a gente parece nunca se curar: a culpa de ter traído a nós mesmos, de ter desprezado nosso sonho mais querido. Essa sensação é especialmente forte quando alguém considera que silenciou seu sonho de infância.

Mais uma leitora, Janaina Nascimento, pergunta: "Você nunca desprezou seu próprio desejo?" (e acrescenta: "Acho que você não vai responder").

Pois bem, desisti de vários desejos a cada encruzilhada, e, às vezes, com a impressão de estar traindo meu maior sonho. Por exemplo -pensava eu, voltando da Flip-, quando sou levado a falar de como me tornei romancista, acabo contando que escrever histórias era tudo o que queria desde os nove anos de idade, mas desisti aos 20, para me conformar à expectativa familiar de que eu fosse para a faculdade. Essa história é verídica e parece ser mesmo uma história de renúncia ou de desistência.

Mas será que é isso mesmo? Será que a gente desiste e renuncia? É possível. Mas a renúncia e a desistência são, antes de mais nada, jeitos melodramáticos de contar nossa história de modo a mantermos a ilusão confortável de que temos uma essência e somos definidos por desejos fundamentais -que (obviamente) não deveríamos trair.

De fato, a vida comporta poucas traições radicais de nós mesmos e de nossos desejos, e muitas soluções negociadas, espúrias, pelas quais a gente busca conciliar desejos diferentes com acasos, oportunidades e outros acidentes, reinventando-se a cada dia.

PS: Se você não abriu o link lá no início abra aqui.
PS2: Artigos do jornal Folha de São Paulo. 

quinta-feira, julho 07, 2011

Adolescência- Gravidez precoce




Gravidez precoce



Quando vi o programa de Serginho Grossman com a Sue Johanson no Brasil a Sue ficou espantada ao saber que as jovens apesar de informadas, saberem que é preciso se prevenir contra a gravidez, muitas engravidam. Sue ficou com cara de espanto, quando o Serginho perguntou para a platéia se conheciam alguma jovem adolescente que tenha engravidado, praticamente todos conheciam.

O que acontece? Por que nossos jovens apesar de informados não usam camisinha ou outro tipo de cuidado?

Vou copiar aqui o trecho de uma palestra que faço para pais de adolescentes. Como é uma palestra para pessoas de todos os níveis sociais eu escrevo e falo numa linguagem acessível a todos.


Gravidez precoce.


Uma mocinha que engravida aos 13/14 anos, na maior parte das vezes, não acreditava que ficaria grávida.

Vocês se lembram dos seus pais dizendo : “cuidado com a bicicleta” ou cuidado para não cair e você estar certo de que o pai ou a mãe estava exagerando, pois tinha certeza que não ia acontecer nada. Muitas vezes, não aconteceu, mas noutras aconteceu. O mesmo se dá com a gravidez, a jovem não acredita que aquela relação vá levá-la à gravidez, ou pensa que com ela não irá acontecer, este pensamento nós chamamos de mágico, onipotente, só porque pensa não irá acontecer, é assim que o jovem pensa.

O rapaz geralmente não está nem aí, para ele o problema é dela. Ele está errado porque no caso de uma gravidez ele também será responsabilizado, mas a sociedade coloca o problema maior para a mulher, quem não se preveniu foi ela, quem foi leviana foi ela, mas ela não estava fazendo sexo sozinha.

Muitas vezes a moça fica grávida na primeira relação, que é uma relação difícil para os dois, uma relação tensa, cheia de ansiedades, na maior parte das vezes. Ele sem querer usar camisinha para não falhar e ela ansiosa, não quer fazer nada que possa aborrecê-lo, também não quer parecer mais experiente que ele- “viu a safadinha, já sabia usar camisinha...” ou para mostrar que o quer de qualquer forma mesmo correndo risco.

Adolescente gosta de desafios e jogar com a possibilidade de engravidar ou não, pode ser uma jogada inconsciente na sorte ou o desejo de ter uma identidade própria, será mãe. Muitas vezes esta jovem é completamente invisível socialmente, a gravidez dá visibilidade a ela.

Quantos de vocês devem ter tido a primeira relação atrapalhada, apressada, às vezes em lugares impróprios.

Como resolver esta questão? Não é fácil, mas também não é impossível, tudo se resolve.

Quando acontece a gravidez geralmente fica escondida até não poder mais, tentam coisas para abortar, pulam,tomam aspirinas, coisas que as amigas ensinam.

As jovens não têm coragem de falar com os pai o que ocorre, até que fique tão evidente que não há mais como esconder. Então o que os pais devem fazer?

Tentar não se desesperar nem fazer escândalo, tudo tem saída.

Os pais geralmente gritam, esperneiam, até verem que não há outra saída a não ser tentar ser razoável.

Vem a culpa, “a culpa é tua, devia ter falado com ela!” “é tua, sempre distante, não toma conhecimento com os filhos!” e por aí vai...

Não adianta tentar encontrar os culpados, é hora de conversar, o que não foi conversado antes, procurar ajuda de gente mais esclarecida, mais madura e procurar um médico.

O pai do futuro bebê já sabe? Precisa saber, precisa ser responsável também, no caso do seu filho ser o homem, o pai, precisa assumir a paternidade, ser responsável. Se não se amam é melhor que não oficializem a relação, são muito jovens, terão outras relações amorosas.

Se a moça não quer o filho será necessário o apoio de um psicólogo/a, um médico para orientar.

Os avós serão sempre avós, não devem assumir o neto/a como se fosse seu filho, isto trará problemas futuros, os jovens precisam assumir suas responsabilidades, aos pais cabe ajudar no que for preciso, mas não assumir completamente a criança.

Aceitar as mudanças na vida é fundamental e todo adolescente nos colocará diante de situações novas. As crises são boas para melhorarmos, para crescermos, aproveitem as crises e se renovem.

Como vocês vêm eu não falei em aborto, nem educação sexual, deixo para outro dia.
Aborto é um tema que preciso abordar com cuidado nas palestras, é um tema tabu ainda.

Vocês concordam com o que eu disse no texto acima?

quarta-feira, junho 15, 2011

Esperança




Este vídeo é parte de um filme sobre Milton Santos. A primeira vez que vi e ouvi este homem falando fiquei encantada. Tudo que ele diz bate com que eu penso sobre cidades, sobre consumo, sobre os homens migrantes. Vejam o vídeo- é um homem que nos orgulhou pelo mundo afora- foi reconhecido como um grande pensador na sua área.

terça-feira, junho 14, 2011

Por que o adolescente sofre?




Por que o adolescente sofre?


O adolescente passa por uma fase de grandes perdas- lutos.


Todos sabemos que o adolescente é tido como difícil, rebelde. Falamos do adolescente como o cara complicado, desagradável, do contra, de humor variável- pode rir num minuto, no outro chorar.
É a fase das mudanças hormonais que fazem mudar a voz, o corpo se transformar, deixar de ser criança.

Mas o que acontece com o adolescente? Poucos se importam.

Os pais se queixam, os professores reclamam...

O que se passa com eles poucos prestam atenção. Ele anda trancado no quarto, no banheiro, fora de casa o dia todo...
Talvez o desconforto que sinta o faça se isolar ou buscar grupos onde se identifique.


O adolescente passa por uma fase de grandes perdas- lutos.

Perde os pais infantis.
Aqueles pais que cuidavam dele com carinho, deixam-no muito solto, sem atenção, na maior parte das vezes, é ele quem tem que cuidar de si. E é difícil, a vida vira um caos, esquece compromissos, perde chaves, come o que é mais fácil...

Perde o corpo infantil.
Rapidamente seu corpo muda, pelos crescem, formas se delineiam, não é nem adulto nem criança. Ele percebe as mudanças acontecendo e sente-se impotente- cresce, desenvolve-se: “Até onde?”, pensa.

Perde a identidade infantil.
Neste processo muitas vezes se volta contra os pais- que foram as figuras mais importantes e com as quais se identificou. Precisa afastar- se para ser ele mesmo, o que causa estranheza - passa a questioná-los, ser do contra. O pai deixa de ser o super herói, a mãe deixa de ser a mãe maravilhosa e linda. É o processo de desmitificação dos pais.

A sexualidade torna-se premente- há mais desejo- e um mundo de descobertas. Há quase sempre muita insegurança. O que fazer com o corpo sexualizado pronto para compartir prazeres? É preciso ter um par. É aqui que aparecem os maiores conflitos com os pais pela dificuldade que têm em aceitar que os filhos cresceram e têm sexualidade. Os pais querem controlar o que não é possível.

Perde o mundo infantil.
Onde havia proteção e não sente que haja espaços para ele: para algumas coisas ainda é criança, para outras já é tido como adulto. Quantos de nós dissemos: “Você não tem ainda idade para isso!”. Ou: “Você já está bem grandinho para isso.”
Perde dos jogos infantis.
Nesta fase ele não pode mais brincar como na infância. A menina precisa abandonar as bonecas. O menino brincadeiras próprias da infância.

O jovem vive na expectativa de que algo venha a acontecer e ele não sabe o que virá.
Tudo gera conflito e angústia.
Mas será que todos vivem a adolescência? Alguns precisam trabalhar desde muito cedo, outros são pais ou mães muito jovens, passam por estas mudanças sem terem possibilidade de entrar em crise. Sem terem tempo para sentir intensamente o que ocorre.

É bom lembrar que os pais vivem o mesmo processo de luto: enquanto o adolescente sofre com o crescimento e mudanças- que o impelem para o mundo fora de casa- os pais sofrem por perderem o controle do filho, por sentirem-se menos amados diante de tantas críticas, por perceberem que a vida escorre diante deles- enquanto o jovem tem tudo pela frente, muitos pais sentem-se frustrados e infelizes com suas escolhas.

Por que o sofrimento? Porque toda mudança provoca alguma crise.

É preciso aprender, neste momento rico, e renovar-se- há tempo para pais e filhos.

sábado, maio 28, 2011

Uma ótima notícia!


De Miguel Nicolelis em primeira mão, via Twitter(www.twitter.com/miguelnicolelis):

@MiguelNicolelis
Vamos completar o ciclo educacional: do utero materno ate a pos-graduacao! Inovacao Made in Macaiba!

MiguelNicolelis
Em primeira mao: Cidade do Cerebro do RN tera a sua propria Universidade. Dentro dela estara o Northeast Institute of Technology!

MiguelNicolelis
E tambem o Advanced Studies Institute que rebera o mais veloz supercomputador do hemisferio sul.
Il y a 4 heures Favori Annuler le retweet Répondre
»

quarta-feira, maio 25, 2011

Sonho ou pesadelo?


Quem tem medo de seus desejos?
Alguém me enviou depois de ler o artigo do Calligaris.
O que fazer quando o que desejamos acontece? Seria um pesadelo? O que desejar além?
Pois é... que nossos desejos se realizem e tenhamos novos desejos e projetos.

"Women In Art"



O video mais bonito que eu vi no virtual. Há outros lindos também, mas este.

terça-feira, maio 10, 2011

Séraphine de Senlis, o filme



Este filme é maravilhoso. Conta a história de uma mulher simples,
que trabalhou muitos anos para um marchand e que vira pintora.
Os quadros dela são belíssimos.
Séraphine era solitária, vivia para a pintura, não tinha vidda social.
Vejam o filme. Vale a pena-é comovente e bonito.
E, como muitas das mulheres talentosas do início do século, ela tem um fim muito triste.
A atriz é extraordinária, a gente esquece que é uma representação- está perfeita o papel.

Aqui vocês vêm mais trabalhos de Séraphine. Lembram os de Beatriz Milhazes, não acham?
Prefiro mil vezes os de Séraphine, têm alma.

segunda-feira, maio 09, 2011

Os artigos do Contardo e este blog

Algumas decisões são difíceis serem tomadas, demoramos a elaborá-las.

Há anos eu posto os artigos do Contardo Calligaris- desde 2005- alguns de vocês sabem disto. Desde o outro blog, foi o primeiro texto que coloquei no meu blog pessoal- eu tenho grande admiração pelo articulista, todos sabem, eu o leio desde o século passado :) - é verdade, eu assinava a Folha. Em 2004 passamos a nos falar por e-mail.

Bom, este blog eu criei com intenção de conversar com as pessoas, discutir temas que nos interessassem, no início foi assim- quem tiver curiosidade poderá ler os primeiros posts.

Com o tempo, minha atenção se desviou para a literatura e investi mais, por prazer, nos meus escritos literários. Penso em me apossar novamente deste espaço. Deixei que os textos do Contardo o invadissem- é hora de mudar.

Só postarei agora os artigos que eu goste mais e queira dividir com todos por acreditar imperdível- alguns são muito bons e tenho grande prazer em distribuir pelo virtual- faço isso no Twitter também, vocês sabem. Mas não quero mais me sentir na obrigação de fazê-lo. Deixarei de postar aqui no TT.

Contardo está em outros espaços, não precisa mais de mim. Esta decisão está sendo digerida faz tempo, ele sabe disto.

Copiei os e-mails trocados entre nós em novembro sobre isso.

Deixo o convite para que vocês façam sugestões sobre temas que possam ser discutidos aqui.
Um abraço a todos.
Elianne

Os e-mails:

----- Original Message -----
From: eliannedabreu
To: contardo calligaris
Sent: Friday, November 19, 2010 6:38 AM
Subject: Re: artigo e @clcalligaris

Contardo, eu não quero mais fazer o @clcalligaris.
Se vc quiser continue. Te dou a senha, se preferir, eu deleto.
Vc não precisa mais de mim- vc sabe disto.
Bom, é isso. Demorei a chegar a esta decisão, mas faz tempo que penso nisto.
Um beijo, Elianne.


From: contardo calligaris
Sent: Friday, November 19, 2010 12:42 PM
To: eliannedabreu
Subject: Re: artigo e @clcalligaris

Querida,
aquele twitter é seu. Ele teve, para mim, uma função importante, como vc sabe: a de me introduzir ao twitter.
É vc que deve decidir se está na hora de mandar beijos e abraços aos seguidores e fechá-lo, contando ou não sua história...
De qualquer forma, foi ótimo ele ter existido.
beijão,
Contardo

sábado, maio 07, 2011

O caos de Kafka



Ensaio biográfico do escritor Louis Begley, recém-lançado no Brasil, explora diários, cartas e escritos que Franz Kafka queria que fossem queimados após a morte, em 1924




Medo e desejo: "O sexo vive a roer-me, persegue-me dia e noite, eu teria de vencer o medo e a vergonha e provavelmente a tristeza para satisfazê-lo"

FERNANDA MENA

DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo sem deixar testamento, Franz Kafka (1883-1924) escreveu ao melhor amigo Max Brod um último desejo: que ele queimasse todos os seus manuscritos, sem os ler. A fogueira deveria transformar em pó diários, cartas, textos e esboços que estivessem guardados com Kafka ou com terceiros.
Brod resolveu não seguir as instruções do amigo, e dessa desobediência surgiram dois cânones da literatura: "O Processo" e "O Castelo".
Das páginas de seus diários, cartas e anotações coletadas por Brod entre Praga e Berlim, no entanto, emergiram fragmentos de uma existência atormentada, marcada pela inadequação, por neuroses e pela doença.
São esses diários e cartas que o romancista Louis Begley destrincha para compor o ensaio biográfico "O Mundo Prodigioso que Tenho na Cabeça: Franz Kafka", recém-lançado pela Companhia das Letras.
Paradoxalmente, em entrevista à Folha, Begley revela: "Se eu fosse Brod, teria queimado [os escritos pessoais] porque, no fim das contas, eles ficam entre a literatura de Kafka e seu leitor. Obstruem o caminho, divergindo a atenção da obra para o homem".
E prossegue: "Kafka era muito escrupuloso. Queria destruir sua obra inacabada porque sabia que os escritos já publicados garantiriam sua reputação no panteão literário".
Para Begley, se por um lado Brod trouxe aos olhos do mundo escritos importantes de Kafka, por outro "seus leitores e estudiosos estariam muito bem hoje em dia se textos fracos, como "Descrição de uma Luta" e "Preparativos para um Casamento no Campo", tivessem sido queimados".
Vasculhar os arquivos da intimidade de Kafka, os mesmos que Begley diz que queimaria, foi para ele irresistível. O escritor polonês que cresceu nos EUA, autor dos romances "Sobre Schmidt" e "Naufrágio", é, assim como Kafka, judeu e doutor em direito.
A atração pelo universo kafkiano, no entanto, se deu pelo deslumbramento com os enigmas impressos em sua obra. "Quando li "O Processo", aos 15 anos, senti uma afinidade extraordinária com sua escrita.
Kafka parecia estar falando diretamente para mim. Mais: ele parecia falar só para mim." Em seu ensaio biográfico, Begley costura trechos de cartas e dos diários, enfatizando o contexto de antissemitismo que emergia na Praga onde Kafka nasceu e viveu quase toda vida.

Duplamente detestado
Tcheco que falava e escrevia em alemão, mas era judeu, Kafka era alvo dos sentimentos antissemitas e antigermânicos. "Ele era membro de uma minoria dentro de uma minoria, ou seja, ele era duplamente detestado", explica Begley. "Crescer nessa atmosfera reforçou sua percepção de ser um intruso. Digo "reforçou" porque Kafka era tão complicado que fatalmente se sentiria alienado mesmo sem ódio ao redor."
Intruso naquela sociedade, intruso em sua própria casa, onde ocupava um cômodo entre a sala e o quarto dos pais. Obcecado por silêncio, que julgava essencial a sua produção ficcional, ele era torturado pelo entra-e-sai na casa e pelo medo do pai que por ali circulava.
A hipocondria, a insônia, a vergonha do corpo, o horror à intimidade e a repulsa por carne -depois obrigado a comer para combater a tuberculose- formavam um catálogo de suplícios a que se submeteu. "A vida é meramente terrível, sinto isso como poucos", escreveu Kafka a Felice Bauer, a alemã que cortejou por cinco anos, com quem trocou 700 páginas de correspondências turbulentas antes de noivarem e, não muito depois, romperem.

Kafkiano
"A claustrofobia do mundo retratado em sua ficção espelha a de sua própria existência", avalia Begley, para quem existe apenas um "significado" na obra de Kafka, apesar de todas as teses, hipóteses e análises feitas sobre ela: é a reação que seus livros provocam no leitor.
Um "significado" concreto o suficiente a ponto de criar um adjetivo quase mítico, difundido em várias línguas: kafkiano. Para Kafka, "um livro tem que ser um machado para o mar congelado dentro de nós".
Sua vaidade e absolutismo não poderiam permitir, portanto, que suas construções ficcionais ficassem aquém desse ideal. Daí a rejeição do que representa hoje um sexto de sua obra. Aquilo mesmo que ele queria ver transformado em cinzas.

Da Folha

Bater numa criança




Bater numa criança


Bater numa criança, mesmo que seja uma palmada, será sempre um ato autoritário de alguém que está perdendo a autoridade.
Algumas pessoas pensam que batendo estão educando. Não, batendo estão subjugando o mais fraco, criando um ser hostil, que mais tarde irá bater também.
Uma criança precisa ser ouvida, respeitada, e ela só aprenderá a respeitar se for respeitada.
Converse, olhe nos olhos, sente com ela sozinha, exponha sua opinião. Não subjugue nem subestime uma criança ou um adolescente.
Ao bater se cria um elo perverso entre quem bate e quem apanha, há certo prazer nisto o que acabará levando a problemas mais sérios no futuro. Algumas vezes crianças que apanham provocam os pais para apanhar mais, isto já é estranho. “Quer apanhar mais?”: diz o pai, ou a mãe, ele quer, ele tem prazer em apanhar neste caso. Quantas vezes o pai ou a mãe só se aproxima ou vê o filho na hora que bate?
Há também a violência verbal que muitas vezes faz tanto mal quanto a física: ameaças, chantagens, frases ditas que jamais serão esquecidas. Muitas vezes uma língua ferina machuca tanto quanto um tapa ou uma correia.
Algumas crianças ou adolescentes que apanham tornam-se adultos bastante comprometidos psicologicamente.
Conversar, não na hora da raiva, conversar com calma é o melhor sempre. Tanto pais quanto educadores.
E se nada disto convence saibam que agora é lei. É proibido dar palmadas. Leiam aqui.


Elianne Diz de Abreu
Psicanalista
tel: (84)99803401/20100236

domingo, maio 01, 2011

Para comediantes, não há tabu no humor

CONTEÚDO LIVRE: Para comediantes, não há tabu no humor:

"Marcelo Madureira, do 'Casseta', diz haver exagero; para Hugo Possolo, dos Parlapatões, problema está na abordagem Atores e roteiristas se..."

Vale a pena conferir, leiam lá.

quinta-feira, março 31, 2011

"Fazer" uma doença- Contardo Calligaris






A desventura pode até ser terrível, mas console-se: se você for vítima ou culpado, você vai aparecer na foto



Vários leitores pediram que eu insistisse no mesmo tema da semana passada: por que a culpa é um de nossos jeitos preferidos para dar sentido ao mundo? Como é possível que, diante de uma desgraça, o fato de sentirmo-nos culpados constitua, para nós, uma espécie de conforto?
Todos conhecemos as expressões usuais pelas quais, por exemplo, Fulano ou Fulana podem eles mesmos admitir que "fizeram um câncer" -e não foi porque fumaram dois maços de cigarros por dia durante a vida inteira, nem porque, verão após verão, deitaram no sol para bronzear a pele, sem protetor algum. Nada disso: a expressão "fazer uma doença", em geral, indica outro tipo de responsabilidade. Mas vamos devagar.
Não é raro que a primeira reação de quem recebe um diagnóstico maligno consista em procurar uma intenção escusa da qual ele poderia ser a vítima. Envenenaram a água da cidade; o ar é repleto de resíduos daquela fábrica cuja chaminé solta fumaça a cada noite; há um dentista que tem consultório acima do meu, ninguém sabe quantos raios-x ele faz por dia, será que ele isolou sua sala do jeito certo ou será que a radiação chega até aqui?
Na mesma linha, Deus ou o diabo podem ser os mandantes de minha desgraça. Deus, porque ele quer colocar à prova minha fé, como ele já fez com Jó. O diabo, porque ele é príncipe aqui na terra e todo o mal vem dele.
Essas reações parecem ter o mesmo propósito dos delírios paranoicos: elas acusam um agente externo (Deus, o diabo ou os vizinhos) para que o mundo ganhe sentido, ou seja, no caso, para que o mal que se abate sobre a gente tenha uma explicação. "Adoeci porque alguém me quis mal": graças a essa crença, não sofro por acidente nem por acaso, mas sou vítima de uma vontade que me castiga ou me testa. O que se ganha com isso? Antes de responder, mais uma observação.
Em geral, quando temos intenções que preferimos esconder de nós mesmos, uma boa solução é atribui-las a outros. Portanto, não seria de todo estranho que a gente acusasse Deus e todo mundo por males que nós mesmos causamos.
Desse ponto de vista, reconhecer que nós somos os primeiros culpados de nossa desventura seria um progresso. Algo assim: até que, enfim, o cara se tocou, não foi Deus, não foi o demônio, nem a usina química no morro atrás da casa, foi ele mesmo que "fabricou" sua doença.
Geralmente, a explicação deste "fabricar sua doença" passa quer seja por uma poética do estouro (emoções contidas e silenciadas tiveram que se expressar e explodiram numa neoplasia), quer seja por uma poética da erosão (as mesmas emoções reprimidas foram atacando o corpo como a famosa gota que cava a pedra, não pela força, mas caindo repetidamente).
Tanto faz: o que me importa dizer é que entre acusar a Deus e todo mundo e acusar a nós mesmos não há progresso algum.
A posição de vítima (Deus, o diabo e os vizinhos me querem mal) e a posição de culpado (eu fabriquei minha doença porque meu inconsciente é meu verdadeiro inimigo), ambas são chamadas a "explicar" o mal que nos assola, porque, aparentemente, preferimos sofrer de um mal explicado a sofrer de um mal aleatório. Por que isso? Simples: tanto se eu for a vítima escolhida por Deus e pelo mundo quanto se eu for a vítima de mim mesmo, apesar de doente, eu me manterei nas luzes da ribalta.
Em suma, agimos e pensamos como se nosso sofrimento pudesse ser aliviado por uma compensação narcisista: a desventura é terrível, mas, ao menos, como vítima ou como culpado, sairei na foto. Não é uma consolação?
Talvez. Mas é uma consolação custosa, porque, nessa foto em que sou vítima ou culpado, a desventura é o que me define, o que me resume.
De fato, qualquer sofrimento seria um fardo mais leve se ele pudesse aparecer como quase sempre é: um mal sem sentido, que não faz parte de nenhum plano e não é fruto de nenhuma vontade escusa, nem da nossa.
Teste de boa saúde: estamos bem quando podemos ser atropelados sem ter que considerar que alguém tentou nos matar ou que nós mesmos nos jogamos nas rodas do caminhão, empurrados por impulsos inconfessáveis.
Um amigo querido morreu de um câncer que ele não fabricou e que não lhe foi imposto nem por Deus nem pelo diabo nem pelos vizinhos. Ele dizia: os males reais são suficientemente graves para que a gente não se esforce para lhes acrescentar mil sentidos imaginários.

terça-feira, março 15, 2011

Chegou o novo livro do cientista




O livro que Miguel Nicolelis lança agora. Primeiro nos EUA, depois aqui no Brasil em português..

Vejam aqui, é um barato, tem até música.
E o site é também além de super bem feito, alegre, abram aqui

quinta-feira, janeiro 20, 2011

O homem que voa alto






Miguel Nicolelis entrou no Twitter. É... o nosso cientista mor está lá conversando com todos, sem pedantismo, numa generosidade que acredito só pessoas raras têm. Mesquinhos não alcançam lugar de destaque.



Há anos li sobre Nicolelis, eu estava em Natal, recém chegada à cidade, e foi um sopro de esperança. Vi a foto do lugar onde seria o Instituto, torci para que desse certo. Deu. É uma alegria saber que está cada dia mais perto das estrelas. O menino cresceu olhando para o céu e desejando voar alto como Santos Dumont, que ele gosta de citar- um belo dia surpreendeu o mundo voando sobre Paris- Nicolelis nos surpreende com descobertas sobre nosso cérebro, ainda tão desconhecido O que sabemos dele? Que é uma massa cinzenta com neurônios. Pois, o mestre cientista vai mais longe e descobre conexões antes inimagináveis.

Li num blog, quando fui procurar mais sobre ele: “Miguel Nicolelis é o Ademir da Guia da Seleção Brasileira de Cientistas: competente, generoso e modesto”.
Tem mérito e trabalhos apresentados para sentir-se orgulhoso o neto de Dona Lygia. Ele cita sempre a avó. Figura importante em sua formação, dizia-lhe que alçasse voos altos- ele a ouviu. A mãe escritora de livros infantis, também fantasiava, o pai juiz, com os pés no chão. A química certa para um homem especial.

O nosso cientista nasceu em Sampa, no Bexiga- bairro simpaticíssimo- ama ópera e o Palmeiras- é palmeirense roxo. Hoje vive mais nos EUA, onde comanda um laboratório de neurociência em Duke.
Natal cresce e se desenvolve agora com ciência de ponta. Miguel desperta- nos para o novo, para o possível dentro do impossível. Em mim foi como se recebesse uma energia nova. Aos poucos andei perdendo a força. Não tive uma avó Lygia.

Os projetos estão no site.  Também poderão ler sobre os prêmios científicos que recebeu e sobre seu nome ter sido cotado para o Nobel aqui.

Aqui vídeos com palestras dele e entrevistas.

Uma sabatina da Folha aqui.

Uma boa entrevista aqui.


Quem ainda não viu veja aqui.

* Vocês não acham que ele se parece com Spielberg? Quem sabe nosso Miguel, neto de Dona Lygia, o brasileiro cientista, um dia será tão famoso quanto o cineasta que projetou o ET?