sexta-feira, setembro 30, 2005

O afeto plural e os comentários dos leitores

"Meu marido confessou que ama outra e que também me ama, estou desesperada. Como é possível?"

Uma questão que acredito ser bastante polêmica é o amor por mais de uma pessoa. Vocês acham possível alguém amar duas pessoas ao mesmo tempo? Eu acredito que sim.

Ah, mais é tão complicado! Fomos educados numa cultura judaico- cristã onde tudo é pecado- como amar duas pessoas? É uma imoralidade! diria minha avó, minha mãe... Mas, eu acho possível, e tenho certeza que se nossa sociedade não fosse hipócrita as pessoas teriam coragem de confessar o amor por mais de um homem ou mulher.

Mas como? o amor tem muitas formas, não necessariamente estas convencionadas pela Igreja, jurar amor eterno e fidelidade por uma pessoa. O amor, o afeto, pode ser plural, sim, isto não quer dizer que a pessoa vá ter um caso amoroso com duas pessoas, vá para a cama com as duas, etc e tal. Até pode, mas vamos falar do amor, aquele afeto bonito que nos comove e nos faz desejar estar como outro mesmo sem sexo, apenas amor.
Pode? Pode. E com sexo, pode? Pode. É traição? É, mas traição a quem? Ih, ficou perigoso falar assim.

O que quero dizer é que não há moralismo nem repressão possível que evite um homem ou uma mulher fantasiar ou desejar outro homem ou mulher, isto é humano, é possível e plausível.

O que a pessoa vai fazer com este afeto só ela saberá, muitas vezes irá reprimir até adoecer, acredito que é o mais comum no nossa cultura, reprimir o afeto. E adoecer.

Acrescento os comentários:


Zé disse
:[Oriente- se] 9/29/2005 07:24:26 AM
Tiro por mim: é possível, sim...
Eu amo minhas 2 ex-mulheres (não como um dia já amei elas, é claro... mas ainda as amo). Neste momento venho trocando "juras de amor" com outras 2, bem diferentes, física, económica e socialmente falando (intelectualmente não). Estou encantado com ambas... Na verdade, se tal me fosse possível, juntaria as 2 em 1 só e certamente seria o homem mais feliz do mundo. Como não posso... vou conhecendo elas melhor (via NET) até sentir se alguma delas poderá virar minha 3ª "mulher"... Mas não amo só elas... venho-me sentindo amando uma outra (tbém via NET, com quem não troco "juras de amor"), e ainda amo o meu braço-direito aqui no Restaurante, a quem chamo de filha e trato como filha (impensável algo diferente). Acho que meu coração é grande o bastante pra gostar e admirar várias mulheres ao mesmo tempo...
Imagino que a exposição aberta do que entendo sobre este assunto irá trazer-me um monte de críticas. Mas fazer o quê, se sou assim... e gosto de ser assim, como aliás sempre fui... E um VIVA às mulheres inteligentes.

Anônimo disse:

Dra., o amor não ama 2 pessoas, no sentido homem/mulher o amor é fiel


Anônimo disse:

Pois é, minha cara,Elianne, a minha amante entende tudo isso aí e resolve numa boa...


Diana disse:
Olá......

Ah...acho ue não..rssss
Acho que o Zé já tá meio perdido....
Rsssss...
Ele já está amando um batalhão....rssss
Eu não conseguiria amar....da mesma forma...com o mesmo tipo de amor....
Acredito em vários tipos de amor....mas o amor eros.....esse exige exclusividade.....n´não?????
Rssss...
Acho que já falei até abobrinhas.....
Bjs....


B. disse:

Eu acho que existem vários tipos de amor, sim.
No meu caso, o amor mais cúmplice é com quem eu vivo, mas existe também uma identificação absoluta (que pode muito bem ser amor) com outra pessoa.
Não tenho coragem de levar esse amor pro lado mais físico, iria magoar o outro, não quero vê-lo sofrer...
Mas acho que quando a vontade for muito forte mesmo, nada disso importa. Às vezes pode ser uma fantasia, que faz a vida ficar mais interessante, principalmente numa relação de muitos anos...
Mas é bem legal.
Olha só, acabei falando demais ! ;D
Beijo, querida.

Elianne disse:

Vamos tirar o exagero do Zé, que é sempre exagerado, não é, Zé?
Acredito que ele está enamorado pelas mulheres com sempre esteve, então chama de amor este sentimento pelas namoradas virtuais, são virtuais, não são?
Mas por que o receio de chamarmos amor este sentimento?
Porque amor vem sempre com fidelidade na nossa cultura, percebem?
Se eu amo eu sou fiel.
Amor vem com posse: Se eu o amo ele é só meu, ou ela é só minha.
Será que é assim na prática?
B. vem e quase se arrepende do que diz, por isso coloquei aqui só B., vem e confessa amor por um outro homem, o que fará com isto só diz respeito aos dois, continua na relação estável porque vale à pena. Isto é humano.
Sentir amor por ex maridos, ex namorados, acredito ser extremamente comum, mas negado, as pessoas não querem mais se ver, se afastam, negam a intimidade que tiveram, o amor que um dia sentiram, renegam: "Imagine como fui amar este traste?"
Se abandonássemos os preconceitos e deixássemos o afeto fluir naturalmente seríamos mais felizes, haveria mais troca, menos solidão, porque mesmo com seu par quantas vezes você não se sente extremamente só? Aposto como a B. não sente solidão, ela acrescenta este outro na relação. Será que isto faz mal ao casal? Duvido.


Zé disse:
EI, EI, EI...

Eu não AMO várias mulheres !!!
(na verdade eu não estou AMANDO NINGUÉM !!!)
Lamento não ter tido a capacidade de me fazer expressar adequadamente sobre um tema polémico. Pensei que me faria entender quando mencionei 4 situações DISTINTAS de "amôr":
1- pelas m/ 2 ex-mulheres (gosto demais delas, mas hoje elas são apenas minhas amigas)
2- pelas "candidatas virtuais" à posição, hipotética, de UMA delas poder vir a tornar-se minha 3ª mulher (sinto-me "virtualmente APAIXONADO" por ambas)
3- por alguém (da NET) com quem não troco juras de amor, mas que me cativou a atenção (encantamento pessoal e intelectual)
4- por meu braço-direto em m/negócio, uma garota a quem chamo e trato de/como filha, por sua supreeendente competência, dedicação e fidelidade (admiração e gratidão).
Não vejo exagero algum em posicionar meu pensamento sobre isto da forma que sinto e fiz.
Mais LATINO do que eu, impossível. ORIGINALMENTE Latino e Lusitano, não aceitaria jamais uma situação de ter uma mulher-matriz e uma mulher-filial, pois para ser MINHA mulher tem que ser só minha, e eu só dela (emocional e físicamente falando). Não há, portanto, espaço para uma 3ª pessoa, quanto mais para um batalhão... viu Diana? rsss
E sobre o "exagerado como sempre", vou reler todos meus comentários e ver a proporção dos exageros em relação ao seu todo, viu Elianne... rss E, se for o caso, passarei a policiar-me para evitar apresentar-me desta forma políticamente incorreta.
(PS - pretendi "botar lenha na fogueira", mas vejo que deveria ter sido mais cuidadoso; lamento)


Leila disse:

Acho possível, sim, você estar num relacionamento longo, com amor, e ainda assim se sentir atraído (ou mesmo apaixonado) por outro. Nunca aconteceu comigo (quando comecei a me sentir atraída por outro, é porque já não gostava mais do anterior), mas conheço MUITA gente que passa por essa situação.

Elianne disse:

Zé, por favor, quando digo exagerado é no sentido de profundidade, este sentido que você fala, da latinidade, da paixão, eu estou sempre chamando Wilton de exagerado pelos elogios que me faz, etc, você é também neste sentido que falo, elogia intensamente, gosta intensamente, isto, nunca usei o termo exagerado como algo politicamente incorreto ou inadequado, ou inconveniente, se fosse o caso teria te dado uma resposta muito diferente, para jogar água fria. O seu modo de se expressar não me incomoda em absoluto, pelo contrário, eu gosto. Quanto a comentários anteriores seus, você fica emocionado, revoltado, isto não é politicamente incorreto é seu jeito de ser, pode continuar assim aqui.
Eu entendi o seu afeto pelas ex mulheres, é disto que falo no texto.
Não precisa lamentar teu depoimento tão franco e bonito, achei ótimo.

Leila vem confirmar com seu comentário o que eu vi ao longo da vida. Muita gente confusa entre dois amores.

Texto de Danielle Miterrand.




Texto de Danielle Miterrand, esposa do ex-presidente François Miterrand, ao povo francês, após ter recebido críticas impiedosas por ter permitido a presença da amante do marido e de sua filha, Mazarine, na cerimônia fúnebre.

"Antes de mais nada devo deixar claro que não é um pedido de desculpas.
Muito menos um enunciado de justificativas vãs,comum aos covardes ou àqueles que vivem preocupados em excesso com a opinião dos outros.

Aos 71 anos, vivendo a hora do balanço de uma existência que é um sulco bem traçado e profundo, já não mais preciso, e nem devo, correr atrás de possíveis enganos.

Vivo o momento em que as sombras já esclarecem e que as ausências são lindas expressões de perenidade e criação.

Sombras e ausências podem ser tudo, ao passo que luzes e presenças confundem os mais
precipitados,os mais jovens.

Vivi com François 51 anos; estive com ele em muito desse tempo e me coloquei sempre.
Há mulheres que não se colocam, embora estejam; que não se situam embora componham o cenário da situação presumível.

Uma vida de altos e baixos.
Na época da Resistência nunca sabíamos onde iríamos passar a noite - se na cama, na prisão, nos bosques ou estendidos por toda a eternidade.

Quando se vive assim em comum, cria-se uma solda e a consciência de que é preciso viver depressa.

Concentrar talvez seja a palavra.
Por isso tentei entendê-lo, relacionar-me com sua complexidade, com as variações de sua pessoa e não de seu caráter...Quem entende ou, pelo menos luta para compreender as variações do outro, o ama realmente. E nunca poderá dizer que foi enganada ou que jamais enganou. Não nos enganamos, nos confundimos quando nos perdemos da identidade vital do parceiro, familiar ou irmão. Ou jamais os conhecemos, o eu também, não é um engano. Quem não conhece, não tem enganos.
Nas variações do outro, não cabe o apaziguador que destrói tudo antes do tempo em forma de tranqüilidade.
Uma relação a dois não deve ser apaziguada, mas vibrante, apaixonada, e não, enfastiada.
Nessa complexidade vi que meu marido era tão meu amante quanto da política.
Vi, também, que como um homem sensível poderia se enamorar, se encantar com outras pessoas, sem deixar de me amar.
Achar que somos feitos para um único e fiel amor é hipocrisia, conformismo. É preciso admitir docemente que um ser humano é capaz de amar apaixonadamente alguém e depois, com o passar dos anos, amar de forma diferente. Não somos o centro amorável do mundo do outro. É preciso aceitar, também, outros amores que passam a fazer parte desse amor como mais uma gota d'água que se incorpora ao nosso lago.
Simone de Beauvoir dizia bem, que temos amores necessários e amores contingentes ao longo da vida.

Aceitei a filha de meu marido e hoje recebo mensagens do mundo inteiro de filhos angustiados que me dizem:
- "Obrigado por ter aberto um caminho.
Meu pai vai morrer, mas eu não poderia ir ao enterro porque a mulher dele não aceitava".

É preciso viver sem mesquinhez, sem um sentido pequeno, lamacento, comum aos moralistas, aos caluniadores e aos paranóicos azedos que teimam em sujar tudo.
Espero que as pessoas sejam generosas e amplas para compreender e amar seus parceiros em suas dúvidas, fragilidades, divisões e pequenas paixões.
Isso é amar por inteiro e ter confiança em si mesmo"













quarta-feira, setembro 28, 2005

Meu filho me perguntou sobre sexo, o que respondo?














Estive pensando no que trazer hoje, são muitas as questões, escolhi uma que em todas as palestras surge:
O que responder a uma criança quando pergunta sobre sexo?
Vamos pensando aos poucos:
primeiro você tem facilidade para falar de sexo? Sente-se à vontade ao falar de sexo?
Não adianta dizer aos pais que precisam falar de sexo se eles não sabem falar, não sentem-se bem ao tocar no assunto.
Se a resposta é positiva, ótimo, você vai tirar de letra a pergunta de seu filho/a, mas se você não consegue falar de sexo com naturalidade?
Neste caso peça ajuda de alguém que confie, uma pessoa de sua família ou da Escola de seu filho.
E quanto à pergunta, você responde como?
Depende da idade da criança, o melhor é perguntar, devolver a pergunta para a criança: o que você acha sobre isto? quando você faz esta pergunta você fica sabendo até onde ela sabe, o que ela ouviu ou viu, é um truque excelente, e você não vai invadir seu filho com conhecimentos ainda impróprios para a idade dele, ou a maturidade dele, cada criança tem um tempo próprio, não force seu filho a amadurecer antes da hora. E não se aflija, você tem um ser em desenvolvimento na sua frente, tenha calma, se acredita que fez besteira, errou com seu filho, converse com ele, aqui sim você tem que conversar mesmo com suas dificuldades, mostre-se humano, não super homem, ou super mulher, ele compreenderá, as crianças têm uma sabedoria que muitos ignoram. Não subestime seu filho, respeite-o.

Vocês concordam comigo?

terça-feira, setembro 27, 2005

Vamos pensar juntos?

Penso fazer um blog para trocar idéias faz tempo. Um espaço para falarmos de relacionamentos, filhos, trabalho, qualquer coisa que nos aflija. Quantos não têm com quem trocar? falar simplesmente sobre algo. Aqui há esta possibilidade.
Sejam bem vindos.