quarta-feira, outubro 05, 2005

O namoro dos filhos adolescentes I

Recebi esta questão que acredito ser bastante comum entre nós.

Leiam:

"A gente pensa que está preparada pra tudo quando se depara com uma situação aparentemente fácil e simples de se lidar.
Tenho 2 filhos (17 e 15)- casal.
Nunca tive dificuldade em falar sobre sexo com êles, sempre abordando temas atuais e relevantes pra formação de ambos:DST's, gravidez, etc. Só que eu sempre via essa realidade muito distante, e agora, diante dessa realidade palpável, sinto-me perdida e apreensiva - até mesmo impotente!
Minha filha (15 anos) namora um rapaz de 19 e como todos(ou pelo menos quase todos adolescentes), pensa que já sabe tudo. Não Tenho mêdo de alguma possível desilusão dela, o que me angustia é a incapacidade (ou nâo!- tomara!!!) dela em lidar com tais sentimentos e que isso lhe cause conseqüencias desastrosas...
Difícil até escrever...
...imagine viver isso...
(alguma luz?)
T."

Eu gostaria de saber mais de T. Como é sua vida? Vive com marido e filhos? Está separada? Gosto de conhecer o ambiente onde as pessoas vivem antes de dizer algo, saber como vive, até onde este contexto influi no que possa estar sentindo.

Toda vez que surgem conflitos com adolescentes, ou causados por eles, penso no quanto a adolescência é instigante, desafiadora e difícil. É o momento mais rico de nossa existência, idealista, inovador. O adolescente vive em busca de sonhos e desafios, muitas vezes fica difícil viver perto deles por isto.

Como foi a sua adolescência? Você foi um adolescente desafiador? Ou foi quieto, tímido ou mesmo depressivo?

Como era a relação com seus pais? Era tranqüila ou foi difícil. Você tinha medo de seus pais? Respeitava-os ou temia? Podia dizer o que pensava, dialogar? Havia diálogo?

São muitas as perguntas, todas estas questões são importantes quando estamos diante de um adolescente.

Como foi sua iniciação sexual? Com quem foi?
Foi boa, tranquila ou foi traumática? Sentiu prazer com o sexo desde o início ou foi muito difícil sentir prazer? Você sentia-se pronta/o para começar uma vida sexual? Foi casual? Foi com um namorado/a?

Ficaria aqui horas fazendo perguntas. Somos todos complexos, estas perguntas vão nos ajudando a nos descobrir e entender o porquê das nossas inseguranças e angústias.

Voltando ao caso de T. fico pensando que medos a afligem: medo de que a filha venha a sofrer? Será que T. sofreu muito nesta fase? Será que teme que a filha repita “erros” que tenha cometido? Por que tem tanto medo? O namorado da filha não lhe passa segurança?
Acredito que a maioria das mães sentem medo nesta fase, as mães dos meninos, também.
Objetivamente, acho que TEM que levar a filha a um médico/a ginecologista, é o melhor caminho. Se ela quiser ir só, tudo bem, mas ela tem apenas quinze anos, você é responsável por ela, se ela não aceitar sua sugestão, diga-lhe isto e faça com que vá. Ali terá as informações seguras, talvez não se sinta à vontade com a mãe, é natural, não se sinta excluída, isto é natural no adolescente, ele/a precisa se distanciar dos pais, tem vergonha da sexualidade diante dos pais, é normal, os pais também, muitas vezes não aceitam a sexualidade dos filhos, ficam assustados, de repente seu filhinho/a ficou homem/mulher. É tudo tão rápido...

T. diz:
“Não Tenho medo de alguma possível desilusão dela, o que me angustia é a incapacidade (ou não! - tomara!!!) dela em lidar com tais sentimentos e que isso lhe cause conseqüências desastrosas...”
O que teme aqui? Quais seriam as conseqüências desastrosas? Você sofreu muito? Tem medo de que ela também venha a sofrer?
Imagino pela sua aflição que está acuada e impotente, diz isto. Converse com sua filha, mesmo que ela se recuse a conversar deixe espaço para isto, diga algo, diga que está preocupada com ela, que quer vê-la bem, se ela não quiser papo pelo menos vai te ouvir. Amor nunca é demais, ela pode te ignorar no momento, mas em algum momento vai sentir que poderá contar com você.
E boa sorte!

Agora é com vocês, nunca dou a última palavra, escrevi agora, sem deixar o texto amadurecer, pode conter erros, digam. Quero que aqui haja espaço para trocas, para que falem de suas experiências. As mães que já passaram por isto podem contar como foi.
Com a palavra vocês, leitores, e amigos blogueiros.

16 comentários:

Anônimo disse...

Drª, agradeço a atenção e o carinho.
Sobre mim: 39 anos - divorciada há 7.
Nasci numa família pobre (7 irmãos - 5 mulheres) e apesar de entender as dificuldades, não compreendia a "ausência" de meus pais. Aprendi com a vida e com a pouca convivência com minhas irmãs.
Assim foi até os 13 anos. Criei meu mundo (romântico, sensível, e sozinha)- e vivi os piores momentos da minha vida qdo fui seduzida e violentada por um "amigo" da família (homem feito, maduro).
Engravidei...não tive coragem de contar a meus pais, aliás, a ninguém! Morria de vergonha e mêdo.
Fui embora de casa e sumi por 2 anos. Abortei com a ajuda de "amigos". Não me arrependi!
Quiz morrer ou pelo menos chamar a atenção do mundo. Queria q soubessem q eu existia, q sofria...mas ninguém me via...
Trabalhei, estudei(sou Pedagôga),e aos 21 anos me casei com um homem maravilhoso -médico, bem de vida, e q me amava e eu o amava. Parecia conto de fadas! Veio o 1º filho, o 2º (a menina), os ciúmes e as agressões. Vivi pânico!
Lamentavelmente meus filhos foram vítimas dessa violência pois presenciavam tudo. Não havia mais respeito, amor...nada. Vivi por 10 anos até ter coragem pra denunciá-lo à justiça. Não deu em nada! Só um divórcio conflituoso.
Há 3 anos veio o câncer.Químio, rádio, careca, astênica, anoréxica(e um catéter horroroso acima do peito). Já não era mais aquela linda mulher. Eu era um zumbi, algo pavoroso diante do espelho.Mas sabe de uma coisa? Eu não tinha mêdo do câncer, eu tinha vergonha por tê-lo.
O q mais me dói é q ainda acho q no mundo existam pessoas boas e assim vou insistindo em procurar. Poderia ser pior, não é? Poderia pensar de forma contrária...
Qto à minha filha, por mais q eu tente ser amiga - amiga mesmo, sem reservas-, ela se afasta de mim. Nós nos amamos mas estamos bem distantes uma da outra...
O namorado dela? Gosto, confio...aí tbm reside meus mêdos, meus anseios...

Beijos. Tânia

Anônimo disse...

Tânia, que trsite sua história, me comoveu.
E o cancêr como está? c está curada? está com seqüelas?
Pela sua história dá para entender teus medos todos, tua angústia. Como foi com sua filha? diz que se amam, soube amá-la?
Se há amor entre vcs, há sempre a possibilidade de um encontro.
Se o namorado é legal e vc confia, que tal pensar um pouco em vc?
Faça o que for necessário com a filha, mas acredite que ela será mais feliz que vc, com certeza.
Amanhã vou responder lá no post, te respondi aqui porque era importante diante de tua história.
Voltamos a nos falar amanhã. Ok? Um abraço apertado e conte comigo. Elianne.

Anônimo disse...

Oh Tania, também fiquei comovida com a sua historia, e se você me permite gostaria de lhe dizer alguma coisinha.
Você é forte e lutadora, superou tudo isso que você escreve - agora ficou tudo pra tras.O cancer é como se tivesse sido a limpeza dos traumas - sossegue, passou, querida.
Seus filhos estão crescidos, voce com certeza foi uma boa mãe. Nossos meninos crescem rápido e chega um momento que precisam tomar as redeas da vida deles. A menina é novinha, mas tb tem a cabeça boa, assim penso.
Eu, se fosse você, relaxava, tudo vai dar certo. Agora é hora de vc se cuidar, fazer coisas alegres e prazeirosas, ser feliz.
Minha avo me ensinou uma coisa, que foi muito importante pra mim - e que passo pra você: na vida da gente é melhor sofrer por amor do que por nunca ter amado.
Beijo grande.
Desculpa se fui "invasiva".

Anônimo disse...

Drª,
Apesar de uma neutropenia persistente e uma retração muscular causada pela radio, estou bem. Continuo sendo assistida por uma equipe médica competente e o prognóstico não é tão ruim.

Acredito q nossos erros e dificuldades só nos transformam em pessoas melhores do q somos. E o q mais quero é "errar menos"...
Não sei se soube amar minha filha como ela precisava. Eu a amo tanto q não mensurei esse amor. Talvez devesse...seria mais responsável...
Vou procurar o melhor caminho...rever conceitos subjacentes... enfim, ir ao encontro dela.
Beijos, até breve.

Anônimo disse...

Beths,
Suas palavras só me confortaram. Obrigada!
É bom sabermos q existe alguém (ñ importa aonde) q seja solidário, compartilhe nossos sentimentos e nos dê atenção.
Sua avó é muito sábia! Amei sim e fui muito feliz. Ainda sou. Tenho 2 filhos lindos e saudáveis cuja esperança de um dia melhor se renova a cada sorriso deles.
Sou mulher e como tal também quero amar e ser amada novamente.
Não desisti...não desisto.
Beijos,

Anônimo disse...

Olá, por causa da Velox fiquei sem conexão desde ontem de manhã, por isso não escrevi para vcs.
Tânia, ainda vou te responder com calma, hoje não vai dar.
Fico feliz em poder ajudá-la
Beth, que bom que escreveu para Tânia, acho importante que haja esta troca.
Um abração para vcs duas.
Elianne

Luci disse...

Tânia! Sua história comove, não pelo câncer, mas pela sua força em lutar e tentar, de alguma forma, minimizar os sofrimentos que os filhos possam vir a ter.
Só que a meu ver, não se pode evitar o sofrimento de ninguém, não está em nossas mãos. Os filhos não nos pertencem, são do mundo, do destino.
Entendo a sua preocupação, mas lembre-se de que a sua vida não é a deles e que o destino deles pode ser bem diferente, pois eles têm o seu amor, que pode fazer (e faz, tenho certeza) toda a diferença!
E não desista mesmo!
Estamos aqui para lembrá-la disto!
beijos!

Anônimo disse...

Luci, querida,
Quem me dera pensar dessa forma!Eu quero tanto ser "independente" q isso só me torna ainda mais presa aos meus propósitos de "ser uma boa mãe". Quero ser o q ñ fui...quero dar o q ñ recebi...
Coitados dos meus filhos!...acho q eles precisam de espaço.
O q vc disse é,- no mínimo-, tão absoluto, q parece surreal.
Vc deve ser uma mulher extraordinária.
Obrigada. (aprender é transformar!).

Unknown disse...

Dr,gostaria que vc me orientase sob a minha filha como devo fazer ou falar p ela sob namorados , moro nos estados unidos e ela mora com a minha irma no brasil, ja faz 4 anos que estamos distante,porfavor me oriente!!estou sem saber o que fazer!
muito obrigadu meu imail e
clycia_lins@hotmail.com

Anônimo disse...

Tânia re deprente deparei com a sua historia , e vejo em vc uma mulher forte e cheia de coragem para viver .. lembre-se que o SENHOR nosso JESUS passou por tudo aquilo por mim e vc e saiba que acima de tudo ele te ama e não permitiu até agora que vc morra , tens muitos testemunho para contar para as pessoas com dificuldades. Quanto a sus filha ore apenas por ela e entregue nas maõs do SENHOR , pois o impossivel só ele faz , creia nisto ... um abraço bem forte em tua alma .... veronica

Anônimo disse...

ha esta envolvida com um rapaz que e noivo os dois se gostam bastante, a mae dele esta em coma e e a noiva que cuida dela., ele dis que e muito dificil terminar com ela ,porque ela trabalha na casa dele,o pai dele tem comfiança nela eos irmaos tambem. me de alguns conselhos obrigado.

Anônimo disse...

Nossa, que interessante isto tudo!
Sinto muito pelas tristezas tão profundas de Tânia.
Meus problemas parecem ser tão pequenos agora...
Entrei neste blog procurando no google por "Como lidar com o namoro do meu filho?" e acabei aprendendo que esse medo de ver os filhos sofrerem é tão comum à tantas mães, cada uma por um motivo diferente...
O meu motivo é que engravidei antes do casamento, com 5 meses de namoro apesar de 18 meses de amizade intensa. Mas engravidar quando ainda é estudante de 22 anos e com toda uma vida acadêmica apenas para trilhar, frustrando toda sua família, enfim, não é fácil. A família do meu namorado não aceitou, eles eram muito rudes e diziam coisas ofensivas sobre mim. Minha família dizia que aquele moço não era para mim. Foi uma briga só, até que meu filho, este que hoje está namorando, nasceu. Mas parece que tive azar, pois a família da namorada dele parece ser muito desestruturada e a namorada dele parece ser vítima daquilo. Temo que ela queira sair logo da casa dela e que para isso queira logo engravidar. Converso sobre isso com meu filho, mas ele continua o namoro. Não deixo mais que namorem aqui em nossa casa para evitar que passem muitas horas sozinhos no quarto ou qdo estou trabalhando;... mas na casa dela também não vão mais porque o pai dela é muito grosso e ofendeu meu filho durante um jantar, negando a fidelidade do meu filho à filha dele, dizendo que meu filho era irônico e sarcástico quando afirmava que os homens em geral merecem confiança sim. O pai dela é mulherengo, a mãe é depressiva.
Muito obrigada pelo espaço. Aguardo, se possível, um comentário.
Beijos da Marta de Sorocaba

Laura_Diz disse...

Marta, eu te respondi no blog, num post novo, veja no end: www.orientacaopsi.blogspot.com
Abs, Elianne

Cecilia disse...

Desculpa escrever aqui, mas é que preciso de uma opinião. Olá, meu nome é Cecilia, tenho 16 anos e namoro escondido a 1 ano. Estou me sentindo muito mal em não contar pra ninguém. Tipo, se falo alguma coisa vão me matar,mas eu sinto preciso contar isso pra alguém!!! o que eu posso fazer?? PLEASEEE!

Laura_Diz disse...

Cecília, deve ser difícil namorar um ano e não poder contar p ninguém- até pq vc deve estar apaixonada- p correr o risco de ser descoberta. Pode escrever qdo quiser.
Vc mora onde? seria bom se tivesse alguém de sua confiança p Escreva q vou te orientando.
Um abraço e boa sorte.
Elianne.

Cecilia disse...

Eu sou de Livramento, RS. Sim estou apaixonada *_* Mas eu não sei como contar, meu avô vai ficar muito chateado mesmo. A vó simplesmente não vai acreditar. Se conto pra minha máe ela vai conta pra minha vó que vai contar pra meu vô. Meu pai, sei lá nunca surgiu a oportunidade de falar sobre o assunto. HELP