Jacques Lacan
Muito bom artigo de Christian Ingo Lenz Dunker.
..."Na direção inversa, um autor como Slavoj Zizek tem insistido no caso daqueles que experimentam uma forma de vida que é sentida como monstruosa, animal e coisificada, tal qual a antropologia do inumano proposta por Vladimir Safatle. Ao contrário dos que não conseguem inscrever seu sofrimento em um discurso, temos aqui aqueles que parecem viver em estado permanente de fracasso sistemático em dar nome à causa de seu sofrimento. Procuram encontrar a razão de seu mal-estar no mundo, explorando para isso a força de estranhamento, inadequação e fragmentação. Sentem-se permanentemente fora de lugar, fora de tempo ou fora do corpo, como as sexualidades estudadas por Judith Butler. É o drama daqueles que são habitados por experiências de radical anomia e indeterminação, cujo maior exemplo literário é Frankenstein. Esta desregulação sistêmica do mundo, teorizada por Lacan como separação entre real, simbólico e imaginário, exprime-se como sentimento permanente de perda de unidade. É por isso que seu sofrimento tematizado como exílio e isolamento, assemelhando-se com a reconstituição da experiência tal como encontramos clinicamente no trabalho de luto, são, antes de tudo, errantes da linguagem, depressivos do desejo e inadaptados do trabalho. O espectro do ressentimento e do tédio rondam sua forma de vida...."
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