Não, você não está caduco/a, eu estou repetindo o teto do ano passado.
Ninguém gosta da morte ou falar sobre. Mas sinto que é preciso.
Quando jovens, a onipotência predomina, não percebemos a vulnerabilidade da vida.
Há uma vida pela frente, muitos caminhos a escolher.
Ao chegarmos à meia idade percebemos que tudo passou muito rápido, que fizemos escolhas
que trouxeram mais dor do que alegria de viver. Mas há que seguir, o trajeto nem sempre leve, para a maioria de nós. Nos apegamos aos filhos, parceiros, ao trabalho, àquilo que nos traz mais satisfação.
Os amigos começam a ir embora, muitos sem tempo para despedidas. Quantos, distantes,
e a notícia chega por uma voz ao telefone quando tentamos falar com eles. Outros ficaram
perdidos pelo caminho e nunca mais deixaram rastros. Outros mudaram tanto que, apesar do afeto impossível de apagar, é torturante dialogar ou conviver.
C'est la vie.
Passamos a lembrar da juventude e questionar o porquê de certos encontros ou desencontros.
Agora, à distância, percebemos o quanto éramos imaturos, despreparados para a vida.
Mas quem está?
Nossa cultura ocidental, especialmente, nós, latinos, fomos protegidos mais do que
deveríamos e ao sair para a batalha, desconhecemos os desafios que encontraremos.
Como preparar alguém para a vida? A experiência do outro vale muito pouco para nós,
estamos sempre pensando por conta própria, o que é saudável, claro, mas que traz
consequências. Vamos seguindo instintos e emoções- amores, paixões.
E agora ao olhar para trás nos encontramos repletos de perguntas.
Vittorio Gassman numa entrevista inesquecível, diz que deveríamos viver duas vezes:
a primeira como um ensaio para a segunda. Quem me dera! Ah! Aquele dia em que conheci
aquele jovem, ambos com 17 anos, teria sido diferente... Teríamos sido felizes?
Esse jogo é um pouco perigoso. Pode nos trazer nostalgia.
Não sinto tristeza. A velhice traz um sossego n'alma. Não há mais grandes expectativas.
O jogo está posto. Claro que pode-se mexer em algumas cartas, mas não muito.
Não há mais muito a esperar. E a morte fica cada dia mais próxima.