terça-feira, outubro 10, 2023

Reflexões sobre a vida aos 76 anos

 Não, você não está caduco/a, eu estou repetindo o teto do ano passado.

Ninguém gosta da morte ou falar sobre. Mas sinto que é preciso. 

Quando jovens, a onipotência predomina, não percebemos a vulnerabilidade da vida. 
Há uma vida pela frente, muitos caminhos a escolher. 
Ao chegarmos à meia idade percebemos que tudo passou muito rápido, que fizemos escolhas 
que trouxeram mais dor do que alegria de viver. Mas há que seguir, o trajeto nem sempre leve, para a maioria de nós. Nos apegamos aos filhos, parceiros, ao trabalho, àquilo que nos traz mais satisfação. 
Os amigos começam a ir embora, muitos sem tempo para despedidas. Quantos, distantes, 
e a notícia chega por uma voz ao telefone quando tentamos falar com eles. Outros ficaram 
perdidos pelo caminho e nunca mais deixaram rastros. Outros mudaram tanto que, apesar do afeto impossível de apagar, é torturante dialogar ou conviver.
C'est la vie.
Passamos a lembrar da juventude e questionar o porquê de certos encontros ou desencontros.
Agora, à distância, percebemos o quanto éramos imaturos, despreparados para a vida. 
Mas quem está? 
Nossa cultura ocidental, especialmente, nós, latinos, fomos protegidos mais do que 
deveríamos e ao sair para a batalha, desconhecemos os desafios que encontraremos. 
Como preparar alguém para a vida?  A experiência do outro vale muito pouco para nós, 
estamos sempre pensando por conta própria, o que é saudável, claro, mas que traz 
consequências. Vamos seguindo instintos e emoções- amores, paixões.

E agora ao olhar para trás nos encontramos repletos de perguntas.
Vittorio Gassman numa entrevista inesquecível, diz que deveríamos viver duas vezes: 
a primeira como um ensaio para a segunda. Quem me dera! Ah! Aquele dia em que conheci 
aquele jovem, ambos com 17 anos, teria sido diferente... Teríamos sido felizes?  
Esse jogo é um pouco perigoso. Pode nos trazer nostalgia.
Não sinto tristeza. A velhice traz um sossego n'alma. Não há mais grandes  expectativas.
O jogo está posto. Claro que pode-se mexer em algumas cartas, mas não muito. 

Não há mais muito a esperar. E a morte fica cada dia mais próxima. 


Jestem Tutaj- um filme sobre o final da existência

Filme imperdível!

A morte, vista em primeiro plano, de uma idosa.

Quem a acompanha é o marido, também velhinho. A filha, muito ocupada, vem todos os dias e está sempre disponível.

O amor do marido é comovente.

Um filme sobre velhice, doença, morte. 

A cineasta é Julia Orlik muito jovem! Incrível como percebeu as nuances do final de uma vida.


 https://vimeo.com/799104662