Nós, ocidentais, sentimos a morte como, talvez, a experiência mais dolorosa. Sim, todos sabemos que um dia chegará, mas nunca estamos prontos. Alguns menos preparados, outros mais. Me incluo nos que aceitam a morte de idosos com bastante tranquilidade. Não que não lamente, claro, mas penso que em muitos casos, somos nós, os egoístas, que os queremos presentes, mesmo que apenas um corpo sem lucidez e com sofrimento físico e psíquico.
Esses dias vi um filme que me tocou muito. "Jestem Tutaj" ou "I'am here", de uma jovem diretora alemã. https://vimeo.com/
Há um outro filme japonês, belíssimo, "A partida", sobre um jovem músico desempregado que vai, com muita relutância, trabalhar numa funerária. É imperdível também. O trailer: https://www.youtube.com/watch?
que todos deveríamos assistir filmes sobre a morte- enfrentá-la primeiro na ficção.
Há tantas obras sobre esse tema. " O sétimo selo" é outro filme que lembrei agora, mais difícil de se ver pela densidade dos filmes de Bergman. Outro "All that jazz"... Podem acrescentar nos comentários os que lembrarem, eu escrevo e posto sem pensar muito.
Li há anos "A morte de Ivan Ilitch" de Liev Tolstói, que jamais esqueci a sensação do homem doente, a percepção da vida na casa e seus conflitos internos.
A maioria de nós, vive numa bolha, somos saudáveis, nos cuidamos, temos acesso a medicamentos, médicos... e quem não tem? Ou aqueles que já estão num estado avançado da doença? Nas vezes em que precisei ir à Liga contra o câncer fazer exames, refleti sobre a morte ou a a vida, como queiram, e acredito que todos deveriam passar algumas horas ali dentro. Impressiona a alegria de pessoas em tratamento de quimioterapia, a vivacidade de muitos ali, claro que há pessoas com expressão de dor e tristeza também.
Outro lugar que todos deveriam conhecer é hospitais psiquiátricos. Quem nunca esteve ali dentro não tem ideia do que é a doença mental. É devastadora! Uma morte em vida!
Trabalhei quase dois anos com doentes mentais e foi uma das experiências mais ricas de toda minha vida. Era jovem. Gostei demais de conviver com eles, pela sensibilidade à flor da pele.
Na casa de Saúde Dr Eiras, era terapeuta de grupo de 10 pacientes- sim, funcionava- e na Villa Pinheiros, eu fazia acompanhamento de pacientes dentro e fora da clínica, no jardim... Alguns, mais experientes, faziam atendimento na casa dos pacientes que podiam sair para convívio familiar.
Enfim, a morte dói, sim, mas eu sou a favor da eutanásia e da morte assistida.
Lamento o Alain Delon ter escolhido morrer assim, mas também entendo que a vida perdeu o sentido para ele. Fui ler sobre, tem filhos e netos, mas perdeu a ex mulher com quem viveu uma vida toda, amigos...
Estou com uma amiga muito amada doente e peço aos deuses todos, que ela sobreviva, porque tem muito ainda a viver. Tem a minha idade, penso que ainda temos tanto a fazer enquanto estivermos lúcidas!
Meu amigo escritor também não anda bem, tão querido... e gosta de viver. Vida longa aos meus queridos amigos!
Amém!
Amém!
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