Estamos todos cheios de incerteza. Até quando este vírus irá nos assombrar? Alguém querido nos deixará numa morte tão trágica? Como viveremos a partir de agora?
A humanidade mudará? Será menos egoísta, mais empática?
Nenhuma das respostas sabemos.
Há os que se desesperam, milhões deles por questões bastante objetivas, como sobreviver sem emprego? E se o provedor da família morrer?
Há muitas questões, ninguém pode nos responder.
Há quem se conforte com Deus. Cada um com o seu deus todo-poderoso que poderá nos salvar. Estes têm o manto divino a acolhê-los e aceitam o que acontece como um desejo divino. E se perguntam: o que fiz de errado para merecer isto? E rezam para serem perdoados.
Há os que negam a gravidade do momento, acham que não é preciso se isolar, basta lavar as mãos. E acusam os pobres chineses neste momento em que eles também estão em luto por tantas mortes.
Há os que são tão apegados à rotina que se perdem confusos num sofrimento atroz. Como viverão dias tão angustiantes? Sentem-se num buraco negro.
E os que estão sós sem nunca antes terem tido esta experiência? Alguns descobrem, com surpresa, que é bom estar só, outros entram em grande ansiedade e passam o dia buscando contatos online.
Famílias inteiras trancafiadas se estranhando pela falta de hábito de tanto convívio são obrigadas a lidar com os conflitos diários. É um grande exercício de tolerância e paciência.
Felizmente temos a internet! Fazemos contato com aquele amigo querido que está só, de quem não temos mais notícias. É a hora da alegria, ouvir ou ver um rosto querido. Podemos fazer refeições distantes, mas acompanhados da imagem do outro. Há muitas possibilidades.
Os rituais para se prevenir irritam alguns. Outros sentem prazer por já serem obsessivos com higiene.
Não há como negar o medo da morte. Seu espectro nos ronda.
Sim, alguns acreditam que são onipotentes, que não serão atingidos.
Mas quando este vírus chegará em nós?
Estamos todos num mesmo navio à deriva no meio do mar-uns no porão imundo, outros em suítes de luxo.
Alcançaremos a margem, salvos? Quem não pisará em terra firme? Não sabemos.
É hora de avaliarmos nossos valores. O que vale uma bolsa Louis Vuitton de seis mil reais ou o carro importado caríssimo na garagem? Por que para mim um iphone vale mais? Pela qualidade ou pelo status? Vale mais a pena sair para compartilhar uma noitada com amigos ou proteger a saúde de seus pais, avós?
A Terra está menos poluída e os mares mais limpos. Que tal se todos nós fossemos mais responsáveis a partir de agora! Que cada um faça sua parte naquilo que pode fazer! Orientando os mais desatentos, conscientizando. Ou será que quando a situação se “normalizar” voltaremos a consumir em excesso, continuaremos destruindo nosso planeta. Ele deu a resposta rapidamente. Veneza com os canais limpos, o ar despoluído em tantas cidades, é um presente para todos. É preciso valorizar este momento para revermos nossos comportamentos. Somos egoístas e narcisistas.
É nossa chance de melhorarmos! Que tal?
É a melhor saída.
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