quinta-feira, novembro 27, 2014

Corpo e mente- Arquivo revisitado

























Corpo e mente

Post de 2009, abril, 16

Todos nós sabemos que nosso corpo responde a fatores emocionais, muitas vezes imediatamente. Quando nos aborrecemos, ficamos tristes. Quantos de nós perdem a fome ou começam a comer exageradamente? Se somos frustrados desejamos comer um chocolate ou um doce.
Cada pessoa tem uma maneira de reagir às frustrações, quando este comportamento torna-se habitual passamos a ter problemas com o peso, além das frustrações provocadas por não poder vestir algo que gostaríamos, sentir-se feio/a ou sentir-se culpado.
Existe o lado cientifico que já comprovou que o chocolate, por exemplo, ajuda a sintetizar a serotonina, que é importante para o nosso humor evitando a depressão. Sabemos que caminhar ajuda a melhorar nosso estado de espírito, pois fabricamos mais endorfina, importante para nosso bem estar, fazendo qualquer outro exercício físico, também.

Corpo e mente estão sempre relacionados.

As mães são as primeiras provedoras de alimento, através do alimento, das primeiras mamadas temos nossas primeiras experiências de satisfação, começamos aí a lidar com a comida e com as frustrações. Se as mães privam a criança nesta fase ela terá graves problemas emocionais, se a mãe exagera no alimento teremos uma relação distorcida com os alimentos.

Aí, pensamos, mas como evitar isto?

Será que nossas mães souberam a medida certa?

Difícil responder, alguns de nós somos mais equilibrados em relação ao alimento, outros não sabem lidar bem com a comida.

A comida para o bebê é afeto também, é a maneira como ele responde à mãe , se um filho rejeita o peito a mãe fica triste, se a mãe não dá o peito o bebê grita desesperadamente, quem já viu um bebê com fome sabe o poder que ele tem na garganta. As mães se desesperam também. Identificar através do choro do bébe qual a sua necessidade nem todas as mães conseguem, levando, no que concerne à alimentação, a deformações alimentares posterirores

Naturalmente, nem só a mãe é responsável por estas deformações alimentares, também as babás, os pais, os avós muitas vezes acostumam as crianças a usarem a alimentação com muleta para satisfazer uma frustração. Crianças que sofreram abandono (físico ou emocional) quando crescem desenvolvem a necessidade de sentir o estômago cheio, são estas crianças que se tornarão adultos que bebem demais, comem demais, usam drogas...

O que fazer agora, depois que estes hábitos foram adquiridos? Precisamos separar a fome do vazio existencial, das frustrações, da ansiedade, da tristeza. Se o problema não é orgânico, pode ser, o médico clínico ou endocrinologista dirá, um especialista nos problemas da alma ajudará.

A psicologia desnuda estes sentimentos e chega ao âmago da questão. Como chegar lá? Através do diálogo com um profissional especializado você vai descobrir por que come demais ou de menos, por que não emagrece apesar de fazer dieta ou por que apesar de desejar emagrecer não consegue seguir uma dieta adequada. Aspectos subjetivos alteram o metabolismo, é preciso conhecê–los para não sermos prisioneiros, para livrar-nos dos nós que impedem de vivermos como esperamos, desejamos.

Além das questões pessoais há aspectos culturais na nossa maneira de lidar com a comida, quando recebemos alguém em nossa casa sempre oferecemos café, bolo, biscoitinhos, bebidas. É uma forma de dizer que apreciamos sua presença. É um gesto cultural, quando vamos à casa de alguém esperamos que nos receba com algo, à seco fica parecendo que não agradamos, que a visita deve ser rápida.

O receio da própria sensualidade, ou sexualidade, é outro motivo que, sem que se perceba, leva muitas pessoas a engordarem ou à anorexia. A nossa imagem corporal é a primeira que apresentamos num contato social ou profissional, exceto em relações virtuais, por exemplo. A gordura serve como um escudo que afasta paqueras e namorados. A capa de gordura faz com que você esconda suas emoções, e acabe cancelando encontros, adiando viagens, faz você usar roupas largas, não sair no final de semana... tudo por estar gorda, não querer ser vista por ninguém. Aí, insatisfeita, culpada, come sem limites, afoga as mágoas na comida ou bebida. É um circulo vicioso que precisa ser quebrado.
Este quadro é agravado se a pessoa não faz nada para mudar, a culpa aumenta a cada dia.

O que fazer para mudar?

Como aumentar a auto estima? Só uma mudança de hábitos fará você mudar. É preciso ter vontade, se esforçar. Deixando de se enganar, geralmente fazemos tudo para nos enganarmos, arranjamos desculpas para tudo e vivemos no piloto automático, esperando mudanças mágicas. Isto não existe. É preciso olhar para dentro e sentir que é possível mudar, sempre é possível mudar. Mudar a nós mesmos é possível, mudar o outro não. Depende de cada um de nós, não adianta o marido, a mulher, o médico, o terapeuta, desejar mudar você, você tem que querer mudar e isto traz os riscos de uma nova situação, tudo que é novo assusta.

Algumas vezes é necessário até aprender a ser magro, quando se acostuma a ser gordo. Ou aprender a ser forte quando se é muito magro.

É preciso reconstruir a sua imagem corporal. Saber que pode ficar diferente.

É preciso descobrir outros prazeres na vida além de comer.

É preciso dominar o impulso de comer e aprender que a compulsão provoca um prazer imediato, que não compensa porque virá com a culpa por engordar. Melhor seria a satisfação a longo prazo.

É preciso ser perseverante, já que 66% das pessoas desistem no meio do caminho.

É preciso se exercitar, andar, nadar, alongar, fazer yoga, escolha o que você gosta de fazer.

É preciso alterar comportamentos que contribuem para o aumento de peso, como, por exemplo, comer depressa demais, beber durante as refeições, exagerar no couvert do restaurante achando que como está ali tem que aproveitar. Culturalmente qualquer comemoração é acompanhada de excessos, festeja-se comendo e bebendo em excesso. Festejar comedidamente ninguém gosta, mas depois vem a culpa no dia seguinte pelo exagero.
Diante de tantas coisas prementes não desista, pois não existe fórmula mágica para se livrar de uma dependência alimentar, como não existe mágica para se livrar de drogas. Existem tratamentos, não adianta você deslocar a compulsão de comer para outra compulsão , procure enfrentar suas dificuldades de frente, procure se interiorizar e entender porque come demais ou de menos. Não é se privando de tudo numa dieta rígida que vai resolver seu problema, é se conhecendo melhor, reconhecendo os momentos onde a ansiedade está grande, desatando os nós, que terá uma relação melhor e equilibrada com os alimentos, desta forma encontrará prazer e não culpa ao comer e olhará para seu corpo com prazer.

Você sairá ganhando, basta querer. Só depende de você, vá em frente. E boa sorte!

PS: Não abordei a anorexia, nem bulimia, porque são questões mais delicadas, ficaria um texto mais longo ainda.

7 comentários:

Anônimo disse...

Eu já vi isso de perto e é terrível. A pessoa entra em depressão e simplesmente quer comer tudo o que vê e o que não vê! Parece uma mistura de autopunição e fome, embora na maioria das vezes, a pessoa não sentisse fome. Eu tenho síndrome do pânico, que é um tipo de depressão, e como muito pouco quando estou mal. Mas no fimm, é como você disse: basta querer e as coisas melhoram...
Um ótimo texto esse! Abração e ótima semana...

Poeticamente... voando... disse...

Depois que comecei à fazer meditação, eu observo isso claramente. Existe um laço muito forte entre nossas sensações físicas e nosso emocional. Cada vez que estamos emocionalmente em algum estado, raiva, medo, ansiedade etc, sentimos uma sensação física que é, na maioria dos casos, impercepitível. E ficamos "viciados" nesta sensação. Podem observar que mesmo quando estamos com raiva, temos que exprimir esta raiva gritando, xingando, etc. isso porque a expressão desta raiva é a única forma de nos contentar, naquele instante.
Aprendi o seguinte: é bom parar e observar, simplesmente observar, e procurar ver o que está escondido atrás destes sentimentos e sensações, procurando ser o mais desapegado possível. Com o tempo, conseguiremos a identificar os problemas, mas o segredo é simplesmente observar, a solução vem por si mesma. Mas observar atravésda meditação.
Um grande abraço.

Laura_Diz disse...

Olá, não sei o que acontece, mas meu computador não está acessando o 'Oriente-se" atualizado, só consigo se entrar no blogger e então entrar no 'visualizar' então vejo o texto da palestra. o que será?

Laura_Diz disse...

Passenger. è complicado e difícil resolver estes problemas, demoram, exigem força de vontade, desejo de mudar, é preciso se conscientizar o que muita gente não agüenta.
"Sindrome do panico' é um termo na moda que mascara muitas vezes depressão, como vc diz, e outros problemas psíquicos.
Boa sorte! Bom que quer mudar, é o melhor caminho mesmo, mudar o que incomoda. Um abraço. Elianne

Anônimo disse...

KS
Fui te conhecer lá no seu blog, um belo blog, interessante. Vc faz literatura?
Bom, meditar é fantástico, pena que nem todos consigam dar uma parada e olhar para dentro, o mundo seria bem melhor. Como vc diz lá no seu post, não só os homens são violentos, muita mulheres tbm são e fazem os filhos homens violentos.
Um abraço, volte sempre.

Patricia kenney disse...

Gostei muito de uma entrevista na TV quando um médico falou sobre pessoas retentivas e eliminativas. Uma clara relação entre corpo e emoção. Pessoas retentivas tendem a engordar e pessoas eliminativas tendem a emagrecer. Aquelas que tomam para si a responsabilidade para resolver problemas são do tipo retentivo. Pessoas que se desesperam e fogem são eliminativas. O corpo responde a isso. Mas a entrevista foi muito superficial e nunca ouvi falar mais nada sobre essa forma de se auto-avaliar.
Concordo com a KS. É importante estar sempre se observando, especialmente como a gente reage ao que quer que seja. Aproveito para lembrar que é importante contruir mentalmente o que se quer ser amanhã. Afinal, hoje somos aquilo que pensamos antes.

Anônimo disse...

Laura, querida.
Estou partida ao meio, rasgada,como fosse a árvore que acolheu o raio.
Mas vai passar, né? Assim como passam os amores de verão, assim como passam as chuvas de verão.Eu tbm castiguei o corpo, emagreci 4 quilos em 8 dias.
Mas é bom dividir a dor e a solidão, mesmo por aqui.Beijos.querida. Anaïs.